As conclusões do Conselho Europeu são bem demonstrativas da dimensão da crise, do grau de desagregação, da ausência de valores e de falta de legitimidade que marcam o processo de integração capitalista europeu.
As negociações em torno do chamado “Brexit” e a “solução” encontrada demonstram que face ao agravamento da crise e às contradições entre potências que nesse quadro se desenvolvem, os dirigentes da UE não têm outra resposta que não, por um lado, tentar “acomodar” num enleado burocrático os elementos de desagregação da UE e, por outro lado, aprofundar o carácter reaccionário das suas políticas.
As decisões agora anunciadas desmentem as tão propaladas e endeusadas “liberdades” da UE. A “liberdade de movimentos e circulação” é afinal, como sempre afirmámos, a liberdade do grande capital desenvolver a sua acção predadora e exploradora.
Quando se trata de ir ao encontro dos interesses do grande capital financeiro, de dirimir contradições entre potências e salvar os seus mecanismos supranacionais de domínio político e económico, os tratados e a legislação da UE são passíveis de ser alterados e até subvertidos. Esta “flexibilidade” demonstrada agora no caso “Brexit” contrasta com a inaceitável rigidez e imobilidade face à gravíssima crise social e com as pressões e chantagens que continuam a ser dirigidas contra países como Portugal.