Num momento em que os desenvolvimentos da crise do capitalismo na União Europeia levam a um agravamento das condições de vida de milhões de europeus e a uma preocupante deterioração da situação económica e social em diversos Estados-membros, o Conselho decide passar ao lado destas questões e insistir nas velhas orientações políticas que nos conduziram à situação actual.
Assim se compreende a insistência na liberalização e desregulação do comércio mundial, seja no âmbito da OMC - com o apelo à conclusão da ronda de Doha, seja no âmbito de novos acordos bilaterais. Assim se criam as condições para exercer uma ainda maior pressão sobre os sistemas produtivos mais vulneráveis e sobre a força de trabalho, no sentido da sua desvalorização. O resultado: mais desemprego e mais precariedade.
O Conselho considera que chegou o momento de tirar pleno partido do tratado de Lisboa e de "promover os interesses e valores da Europa no mundo". O caminho traçado é claro: um maior alinhamento com a NATO e os EUA, um intervencionismo externo crescente e uma inquietante escalada militarista nas relações internacionais.
Quanto ao chamado "pacote de supervisão financeira" mencionado nas conclusões, a mensagem é clara: os principais mecanismos de especulação financeira permanecem intocáveis. Como até aqui, a especulação continuará com rédea solta.