Comunicado do Comité Central do PCP, de 25 de Junho de 2001

Na sua reunião de 25 de Junho, o Comité Central do PCP procedeu a análise dos principais aspectos da situação nacional e das tarefas do Partido, com destaque para os seguintes pontos.

O Comité Central destaca como traços de maior relevo e consequências na actual situação política nacional:

- O anúncio pelo Governo, a pretexto de planos de contenção da despesa pública, de uma violenta ofensiva visando uma intolerável redução dos salários reais da função pública e da generalidade dos trabalhadores, satisfazendo assim, de forma vergonhosamente servil, as reclamações e pressões que o grande capital vinha formulando com crescente agressividade;

- o contínuo e crescente agravamento do desgaste, descrédito e erosão do Governo do PS com expressão na patente ampliação da desconfiança, hostilidade e descontentamento populares em relação à sua política e à sua acção;

- a acentuação da demagogia e hipocrisia do PSD e do PP que, procurando capitalizar o descontentamento com uma política do PS que é semelhante à que defendem, se esforçam por esconder a sua cumplicidade com eixos essenciais da política governativa e com opções concretas que apoiaram mas, de cujas consequências se querem dissociar;

- a tomada de consciência da gravidade e significado de certos indicadores económicos (designadamente aumento da inflação e correlativa perda do poder de compra dos salários e pensões, do défice da balança comercial, do endividamento ao estrangeiro etc.) que atestam, como o PCP há muito adverte, para a persistência de problemas estruturais da economia nacional a quem nem os Governos do PSD nem os do PS foram capazes de responder, obcecados como sempre estiveram em criar ilusões e endeusar êxitos conjunturais.

- o importante e combativo movimento de lutas dos trabalhadores e de outras camadas sociais em defesa dos seus interesses e direitos (com justo destaque para a valorização dos salários) e que teve magnífica expressão na jornada de luta promovida pela CGTP-IN em 7 de Junho - e que constitui uma sólida expressão das energias que, no plano social, sustentam a crucial reclamação de uma política de esquerda.

A persistência dos Governos do PS em orientações fundamentais da política económica idênticas às que foram prosseguidas pelos anteriores Governos do PSD - nomeadamente no que respeita ao processo de privatizações, à debilitação e subalternização de importantes sectores produtivos ao benefício dos grandes grupos económicos e ao apoio à estratégia de sustentar a "competitividade" das empresas numa prática de trabalho precário e baixos salários - é a razão essencial da actual degradação da situação económica do País, e que ameaça agravar-se no próximo futuro.

Essa degradação é espelhada por uma desaceleração do crescimento económico nacional maior do que a registada na generalidade dos restantes países da UE (o que mostra haver razões específicas nacionais que se somam à conjuntura externa), pelo contínuo e perigoso agravamento dos défices das balanças externas, pela persistente perda de quotas de mercado das nossas exportações e pelo grave e insustentável endividamento externo do País, das empresas e das famílias portuguesas.

A verdade é que, devido às políticas seguidas, permanecem há longos anos desequilíbrios estruturais da economia portuguesa.

Apesar de se continuarem a gastar anualmente centenas de milhões de contos de fundos estruturais alegadamente para "modernizar" a economia portuguesa, esta continua a manter um fraco padrão de especialização produtiva, porque aqueles fundos não são, no essencial, canalizados para esse objectivo, antes têm servido basicamente para aumentar os lucros das empresas que a eles têm acesso.

Prolongam-se no tempo as insuficiências na gestão e organização das empresas e na inovação e modernização dos processos produtivos, obstáculos principais ao necessário aumento da produtividade da economia portuguesa.
É insofismável que os problemas centrais da economia portuguesa passam pela necessária melhoria da produtividade, indispensável para sustentar um crescimento económico duradouro com produções competitivas.

Mas isso não será conseguido enquanto não for assumido de forma clara que a política de baixos salários é contrária ao aumento da produtividade. Porque enquanto os empresários puderem contar com o factor trabalho a baixo preço não se sentem obrigados a ultrapassar aquelas insuficiências e a promover o efectivo aumento da produtividade.

É aqui, nestes desequilíbrios estruturais e nas suas causas reais, que reside o essencial dos problemas da economia nacional e a causa da degradação acelerada da situação económica. A que se soma ainda o crescente desvio de lucros obtidos na actividade económica para a actividade de especulação financeira nomeadamente bolsista.

O PCP considera uma intolerável desfaçatez, comprovativa do histórico egoísmo e parasitismo das classes dominantes nacionais, que sejam precisamente forças, círculos, personalidades e entidades ligadas ao grande capital e à especulação financeira que não querem pagar impostos a exigir uma política de gravosa contenção salarial, de redução das despesas sociais e de "aperto do cinto" para os trabalhadores e a população laboriosa que até aqui tem sido os principais e quase exclusivos pagadores de impostos.

No que respeita ao Orçamento Rectificativo agora apresentado, se é certo que a desastrosa política do Ministério da Saúde tem vindo a agravar problemas financeiros do SNS (visando em última análise criar condições subjectivas para avançar na sua privatização), não é menos verdade que, só por si, não, justificaria seriamente a apresentação de um orçamento rectificativo neste momento, seis meses apenas após o início da execução orçamental.

Aliás a degradação financeira do SNS deve-se fundamentalmente ao aumento dos gastos com medicamentos, exames complementares e restante sector convencionado, áreas em que o Governo continua a não tomar medidas para o aproveitamento das capacidades existentes nos serviços públicos e para a racionalização dos gastos com medicamentos aumentando assim os lucros privados à custa do erário público.

O Comité Central considera, por outro lado, que é politica e socialmente inaceitável que dos 150 milhões de contos de cortes orçamentais apresentados pelo Governo, mais de 52% incidam sobre as áreas sociais, particularmente na educação (18 milhões de contos), na segurança e acção sociais (36 milhões) e na habitação e serviços colectivos (16 milhões). É paradigmático desta postura anti-social da proposta do Governo o corte orçamental de 11 milhões de contos nos orçamentos dos estabelecimentos do ensino superior público, que vem agravar as dificuldades financeiras já existentes, naqueles estabelecimentos de ensino.

Quanto ao anunciado "programa de reforma da despesa pública" trata-se de um programa draconiano contra os trabalhadores da administração pública que, por arrastamento, obviamente se pretenderá estender a todos os trabalhadores por conta de outrém. Se ele viesse a ser aplicado, assistiríamos, pelo menos até 2004, a uma efectiva e inapelável redução dos salários reais daqueles trabalhadores, o que o Comité Central do PCP considera inaceitável. Nada pode justificar essa redução dos salários reais. E não podem ser minimizados os perigos reais para os direitos dos trabalhadores implícitos na criação de uma "bolsa de emprego" (melhor se diria de desemprego) na Administração Pública, ou na imposição de "maior mobilidade" dos trabalhadores, na redução de despesas com a ADSE, e noutras medidas - como as referentes às carreiras - orientadas para lesar os trabalhadores da Administração Central e Local.

O Comité Central considera que este programa consubstancia, naquilo que nele é dominante e determinante, uma verdadeira declaração de guerra do Governo do PS aos trabalhadores, à qual estes não podem ficar indiferentes e, legitimamente, responderão com determinação.

O Comité Central chama ainda a atenção para a tentativa do Governo de interferir nas competências e autonomia das autarquias locais, quer no âmbito do seu endividamento, quer no da criação de empresas municipais e da respectiva actividade de investimento.

Sendo todas estas medidas justificadas pelo Governo, não por razões de natureza económica e muito menos social, mas devido ao "pacto de estabilidade" e aos critérios de Maastricht (a que PSD e PS sujeitaram o país), o Comité Central do PCP faz notar que o que um Governo que se orientasse por políticas de esquerda deveria fazer era precisamente pôr em causa aqueles critérios cegos que não têm minimamente em consideração os níveis económicos e sociais de cada país e os seus estádios de desenvolvimento. Exactamente o contrário do que pretende fazer o Governo do PS.

As orientações quer do orçamento rectificativo, quer do "Programa da Reforma da Despesa Pública" permitem legitimamente deixar adivinhar, desde já, o que poderá vir a ser a proposta do Orçamento de Estado para 2002, se até lá não se desencadear um forte movimento político e social que obrigue o Governo a recuar nas suas orientações de política cada vez mais viradas à direita.

O Governo PS, numa atitude de completa insensibilidade pela perda de poder de compra que infligiu aos trabalhadores e aos reformados quando adoptou, como referência para os aumentos salariais e das pensões , uma previsão de inflação de 2,8% que de antemão sabia não poder ser cumprida pois deverá ultrapassar os 4%, pretende impor agora uma nova e duradoura desvalorização das condições de vida dos trabalhadores e dos reformados numa orientação que desmascara definitivamente os discursos do Governo sobre a sua "sensibilidade social" e ilustra de forma exemplar a verdadeira natureza de classe da sua política. .

O PCP salienta que, em vez de novos e mais gravosos sacrifícios, o que era e continua a ser exigível é que os trabalhadores e os reformados vejam repostas compensações para os prejuízos efectivos que já estão suportar.

O PCP retoma designadamente a sua exigência de um aumento intercalar dos reformados e pensões, a partir de 1 de Junho, como condição para minorar a grave situação de uma camada profundamente atingida pela política governamental.

Num quadro de crescente precariedade, de anúncios e tentativas de despedimentos colectivos em diversas empresas, de falta de combate ao trabalho clandestino, às formas ilegais de pagamento do trabalho e á tragédia dos acidentes de trabalho, o Governo PS manifesta a vontade de alterar gravemente duas leis estruturantes do direito do trabalho designadamente a lei da contratação colectiva e a lei dos despedimentos com vista a limitar a liberdade de negociação e a facilitar os despedimentos.

Numa situação de descontentamento social generalizado que atinge as mais diversas classes e camadas sociais destaca-se a luta dos trabalhadores como motor do desenvolvimento da luta de massas.

A amplitude das manifestações convocadas pela CGTP-IN no 1º de Maio passado, as lutas sectoriais e de empresa que se seguiram em torno de reivindicações concretas com recurso a plenários, concentrações, manifestações e greves e particularmente a Jornada de Luta de 7 de Junho, pela sua dimensão nacional, grau de participação e convergência de objectivos, reforçam a convicção de que o caminho da luta e o seu desenvolvimento é não só necessário como possível e constitui uma contribuição determinante na luta pela derrota da política de direita.

Neste quadro, o PCP sublinha a importância da manifestação nacional dos reformados, pensionistas e idosos a realizar no dia 30 de Junho em Lisboa.

O PCP no quadro da sua iniciativa política, da sua profunda identificação com os interesses e direitos dos trabalhadores e no seguimento de outras importantes iniciativas legislativas como a da alteração à lei dos contratos a prazo, a da prioridade aos créditos dos trabalhadores na sua graduação, e do seu pagamento, nas empresas em situação de falência, apresentou e agendou para amanhã, dia 26, na Assembleia da República, um importante Projecto-Lei visando a revalorização das pensões por acidentes de trabalho e doenças profissionais, e o aumento das remissões dos mesmos drasticamente diminuídas na legislação em vigor, assim trazendo à ordem do dia um problema que afecta centenas de milhar de trabalhadores atingidos por uma das mais graves injustiças sociais.

Face aos novos perigos e ameaças para os salários, para os postos de trabalho, para o direito e a liberdade de negociação da contratação colectiva, acentuando-se as preocupações e incertezas em relação á regulamentação da Lei de Bases da Segurança Social, o Comité Central do PCP, na linha das suas decisões visando o reforço da acção, intervenção e organização junto dos trabalhadores dirige-se a todo o colectivo partidário para que assuma como importante tarefa o combate aos objectivos do Governo e do capital, empenhando-se na luta em defesa dos interesses, direitos e aspirações dos trabalhadores.

A situação existente nas Forças Armadas, caracterizada por um crescente mal-estar e inquietação, tem no Governo PS e na sua política o principal foco de instabilidade e que as medidas de contenção da despesa agora anunciadas ao recaírem sobre a vertente social dos militares, tenderão a agravar.

O PCP alerta para a possibilidade de vir a ser consumada a aprovação da Lei de Programação Militar, com base num negócio entre o PS e o PP, Lei esta que não consagrando, nos seus propósitos fundamentais, a aquisição de meios prioritários para as Forças Armadas, amarrará Portugal para décadas aos encargos e opções agora tomados.

Noutro plano, o Comité Central reitera a exigência de um desfecho para o problema dos direitos dos militares (art.º 31 da Lei Defesa Nacional das Forças Armadas) que consagre um moderno e efectivo regime de direitos, nomeadamente quanto ao associativismo sócio-profissional.

Não deixa de ter significado o facto de, em relação às forças de segurança, em vez de responder e legitimar reivindicações sócio-profissionais e ao reforço da sua capacidade para resolver os problemas de insegurança dos cidadãos, se intensificar uma linha repressiva, com particular expressão na GNR, onde foram instaurados, sem fundamento nem legitimidade, processos disciplinares a dirigentes associativos, no quadro de acentuação de práticas e opções de reforço da militarização desta força de segurança, ao mesmo tempo que, na PSP, continua a ser inviabilizada a justa aspiração dos seus profissionais ao reconhecimento da liberdade sindical.

O Comité Central do PCP sublinha o significado e as lições políticas do NÃO do povo irlandês ao Tratado de Nice.

Um Não que traduz em primeiro lugar a sua oposição à militarização da União Europeia e pela manutenção do estatuto neutral da República da Irlanda em política de defesa.

É também um Não contra o avanço federalista do Tratado de Nice e em particular, pela preservação do direito de veto e da exigência de unanimidade em decisões do Conselho Europeu.

Um Não que a desfaçatez antidemocrática de alguns pretende "reverter e ultrapassar" através da realização de novo referendo ou de um "artifício institucional".

No contexto das últimas declarações do Governo PS e do processo de ratificação pela Assembleia da República do Tratado de Nice que o PS, PSD e PP/CDS se preparam para aprovar, o PCP alerta o povo português para os riscos de novos passos de uma integração neoliberal, federalista e militarista da União Europeia ou de se caminhar no alargamento sem estarem devidamente acautelados os interesses nacionais. Alerta também para a tentativa de avançar para nova alteração dos Tratados através da fórmula da Convenção, já usada na elaboração da "Carta dos Direitos Fundamentais", ultrapassando e condicionando a competência dos Governos e dos parlamentos nacionais, reduzindo a participação dos partidos políticos portugueses ao PS e ao PSD.

Procedimento tanto mais grave quando, contrariamente à possibilidade que teve o povo irlandês de expressar a sua opinião sobre o Tratado de Nice, os portugueses estão impedidos de o fazer pela blindagem da figura do referendo sobre Tratados internacionais, cozinhada pelo PS e pelo PSD aquando da última revisão Constitucional, o que, a não ser anulado, dificultará consideravelmente a necessária e indispensável consulta ao povo português sobre os rumos da integração europeia.

O resultado do Referendo irlandês realça também a importância e as potencialidades do combate por outro rumo para a Europa, alicerçado na luta dos trabalhadores e a vontade dos povos. O novo rumo alicerçado no respeito pela cooperação entre Estados soberanos iguais, na promoção da paz e de resposta às efectivas necessidades dos povos.

O Comité Central do PCP confirma o ambiente de confiança e o avanço registado nas tarefas de preparação das eleições autárquicas que tem caracterizado o desenvolvimento do trabalho das organizações do Partido e das estruturas locais da CDU. Sublinhando o significativo acolhimento e apoio que a generalidade das candidaturas apresentadas têm recolhido, o Comité Central chama a atenção para a importância de ser dada continuidade ao trabalho de formação das listas, às acções de divulgação e valorização do trabalho realizado e à elaboração dos programas eleitorais numa base de alargada participação. A realização da jornada nacional da CDU que decorrerá nesta última semana de Junho constitui um momento de afirmação e valorização do trabalho, das propostas e do projecto da CDU contribuindo para uma acção de esclarecimento assente no contacto e na proximidade com a população e os seus problemas.

O nervosismo evidenciado pelo progressivo uso ilegítimo de meios e recursos públicos é prova do crescente reconhecimento no PS da impossibilidade de poder derrotar a CDU no plano do trabalho e da gestão nas autarquias.

Todos aqueles métodos e práticas que antes criticara a Cavaco Silva e ao PSD estão agora retomados, e em muitos casos ampliados, pela mão do partido do governo para tentar chegar ou agarrar-se ao poder. A palavra de ordem em vigor é a da mentira, do abuso de poder, da instrumentalização dos meios e dos recursos do Estado. Os limites foram há muito ultrapassados. A falta de ética é tal que há candidatos do PS que confessam publicamente a sua confiança os resultados dos eleitores em função de investimentos prometidos pelo governo, dirigentes do PS até há pouco com elevadas responsabilidades governamentais que afirmam ser condição de favorecimento político em matéria de investimento a eleição de candidatos socialistas. Outros que agora desavindos com o respectivo Partido informam ter-lhes sido prometido um cargo de governador civil para abrir caminho a um novo candidato do PS à respectiva autarquia. Governadores civis anunciados como candidatos a câmaras ( já são quatro) que afirmam manter-se em funções para melhor intervirem eleitoralmente. Eleitos de outras forças políticas aliciados a não concorrerem em troca de lugares melhor remunerados em entidades dependentes do governo. Tudo a par de uma intolerável manipulação na canalização de investimentos e aprovação de projectos bem patentes na gestão do III Quadro Comunitário de Apoio e na condução do programa Polis.

O Comité Central do PCP não pode deixar de condenar estas atitudes, de exigir a sua imediata rectificação e de reclamar do Presidente da República a necessária vigilância e intervenção em relação a estes indignos comportamentos.

Desfazendo equívocos que têm sido alimentados, o Comité Central do PCP chama a atenção para que nas medidas divulgadas pelo Governo em matéria de "reforma administrativa" não é possível identificar uma única que corresponda a uma efectiva descentralização. E que, a par de algumas medidas que podem vir a contribuir para uma maior racionalidade territorial da organização dos serviços desconcentrados da administração central e para uma melhor distribuição regional dos mesmos, o que no essencial se vislumbra nos objectivos anunciados é o de proceder a um apuramento da linha de comando da política central nas regiões e um mais efectivo controlo por parte do governo sobre as políticas e agentes regionais.

Os tempos que vivemos colocam a necessidade de uma intervenção exigente e de uma forte iniciativa do Partido na dinamização da acção de massas em torno de problemas concretos e imediatos, convergindo para a derrota e a ruptura com a política de direita; numa acentuada demarcação e denuncia da política de direita prosseguida pelo Governo PS e viabilizada ao longo dos últimos anos ora pelo CDS-PP, ora pelo PSD; no reforço da iniciativa do PCP sobre os problemas do país; na dinamização da CDU e preparação das eleições autárquicas de modo a confirmar e alargar as posições e a força do projecto autárquico da CDU ao serviço das populações; no reforço da organização e influência do PCP, condição decisiva para todos os avanços progressistas no nosso país.

O Comité Central sublinha a importante acção desenvolvida pelo Partido nos últimos meses, no plano político geral e na intervenção institucional, nomeadamente sobre os serviços e infra-estruturas fundamentais, o Conceito Estratégico de Defesa Nacional, as Grandes Opções de Segurança Interna, a instituição do dia nacional de prevenção dos acidentes de trabalho, a melhoria das pensões dos acidentados do trabalho, o pagamento de créditos devidos aos trabalhadores por falência de empresas.

O PCP assume as suas responsabilidades de prosseguir uma intervenção centrada na resposta aos problemas do país, às preocupações e aspirações dos trabalhadores e do povo português que se insere na luta por uma democracia avançada para Portugal e, nesse sentido, o Comité Central destaca das iniciativas e linhas de intervenção partidárias nos tempos mais próximos: a realização nos dias 10,11 e 12 de Julho de uma acção nacional de informação e esclarecimento sobre a situação do país e as medidas tomadas pelo governo contra os interesses populares; a realização de debates e encontros sobre a prevenção e reparação dos acidentes de trabalho e doenças profissionais; a concretização de iniciativas para o rápido pagamento dos créditos devidos aos trabalhadores por falência de empresas; o prosseguimento do apoio à acção sobre a redistribuição da terra no perímetro de regadio do Alqueva; a audição sobre os problemas do álcool e do alcoolismo.

O Comité Central sublinha a importância de associar a dinamização da luta de massas e da iniciativa política ao reforço da organização partidária e destaca avanços verificados na concretização de orientações para o fortalecimento do Partido, designadamente: no arranque da aplicação da Resolução sobre o reforço da organização e intervenção nas empresas e locais de trabalho; no elevado número de adesões ao Partido, mais de 600, verificada desde o início do ano, com uma forte componente de jovens; na campanha de contactos com os membros do Partido; no contributo dos comunistas para o êxito das acções de massas com destaque para as grande jornadas do 1º de Maio e da acção Nacional promovida pela CGTP-IN em 7 de Junho; na iniciativa diversificada das organizações partidárias para responder a problemas particularmente sentidos pelos trabalhadores e pela populações; na realização de campanhas de informação e esclarecimento; na dinamização da CDU e em geral na preparação das eleições autárquicas. A actividade partidária, a acção de milhares de activistas revela uma abnegada militância alicerçada na luta pelo projecto comunista, um valioso exemplo de dedicação aos interesses do povo e do país que ajuda a afirmar o PCP como um partido diferente e ímpar na sociedade portuguesa.

O Comité Central salienta que a dinamização de importantes batalhas políticas, o desenvolvimento da acção de massas e em particular a preparação das eleições autárquicas colocam grandes exigências à organização partidária. Mas considera que simultaneamente podem ser importantes elementos para a alargar, dinamizar e fortalecer. E, com esse objectivo, aponta a necessidade de concretizar novos passos; na aplicação da Resolução para o reforço da organização e intervenção nas empresas e locais de trabalho; no prosseguimento do recrutamento levando à pratica a campanha de adesões de 2000 novos membros; no prosseguimento da campanha de contacto com os membros do Partido a propósito da entrega do novo cartão do Partido e da elevação da sua participação na vida partidária; na responsabilização de quadros e rejuvenescimento de organismos e no fortalecimento e dinamização das organizações de base.

O Comité Central apreciou a situação e os problemas dos reformados, pensionistas e idosos e o trabalho do Partido junto desta importante camada social, tendo concluído que face à gravidade da situação se torna imprescindível o desenvolvimento da sua luta pelo aumento das pensões e a melhoria das prestações básicas, uma maior atenção do Partido à problemática que se prende com os reformados e idosos e a tomada de medidas capazes de conduzir ao reforço orgânico do Partido nesta área.

O Comité Central foi informado do andamento da Campanha Nacional e Fundos tendo concluído que é indispensável dar uma grande atenção ao envolvimento do colectivo partidário e a todos os membros das listas e activistas da CDU na dinamização desta Campanha.

No quadro da situação política, da necessária resposta política do Partido e das Eleições Autárquicas, a Festa do "Avante!" assume uma acrescida importância. A dois meses da realização da 25ª Edição da Festa do "Avante!", importa que todo o Partido dê particular atenção à discussão, à divulgação, à construção, às jornadas de trabalho, à venda antecipada da EP, para garantir o êxito desta grande realização do PCP.

O Comité Central do PCP rejeita frontalmente todas as manobras e operações de falsificação política que visem não só absolver o PS das suas exclusivas responsabilidades pela situação de degradação e de crise crescente que a sua governação indisfarçavelmente enfrenta como instituir um alegado dever de solidariedade e apoio do PCP para com o Governo PS .

O PCP relembra que, governando há seis anos consecutivos, o PS tive todas as oportunidades eleitorais e políticas para a realização de uma política de esquerda e que as desbaratou com a sua deliberada opção pela realização, nos aspectos mais determinantes, de uma política similar - e nalguns casos agravada - à dos Governos do PSD.

O PCP relembra que foi a política do Governo do PS, designadamente através do saque das privatizações, que fortaleceu consideravelmente o poder do grande capital e acentuou factores de subordinação do poder político ao poder económico. E o PS labora em puro engano se imagina que, como está a suceder, as suas novas e crescentes cedências às pressões do grande capital impedem este de vir a fazer outras apostas políticas e eleitorais, quando e se o considerar mais conveniente para os seus interesses.

O PCP prosseguirá com a sua firme atitude de oposição de esquerda ao Governo do PS, tanto mais necessária e justa quando, em domínios cruciais, está em concretização uma inflexão ainda mais para a direita da política governativa.

O PCP prosseguirá com a sua atitude responsável e construtiva de, pelas suas próprias propostas e pelo apoio a propostas alheias, alcançar medidas, decisões e linhas de orientação positivas ainda que pontuais e parcelares.

Num quadro de total e inalienável autonomia de valores, de intervenção e de projecto, o PCP continuará a bater-se, e com renovado vigor e consistência, pela intensificação da luta social, pela resposta eficaz a sentidas reivindicações e aspirações dos trabalhadores e da população, por uma vasta agregação do descontentamento popular e forte mobilização dos cidadãos em torno da exigência de uma política de esquerda, pelo reforço da sua influência social, política e eleitoral. Em conjunto, são esses osfactores essenciais para derrotar os planos de repetição de uma gasta alternância entre o PS e o PSD na realização de uma política similar e para abrir caminho a uma alternativa de esquerda.

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