«O compromisso do PCP é com os trabalhadores e com o povo», reafirmou o Secretário-Geral do Partido, na Cuba, num debate com quadros da Organização Regional de Beja sobre as Teses/Projecto de Resolução Política, no âmbito da preparação do XX Congresso.
Mais de 150 militantes participaram em Cuba, a 18, na reunião de quadros da Organização Regional de Beja do Partido, convocada para debater as Teses/Projecto de Resolução Política, no âmbito dos trabalhos preparatórios do XX Congresso do PCP, que terá lugar a 2, 3 e 4 de Dezembro, em Almada.
Na mesa que dirigiu os trabalhos, no anfiteatro da Biblioteca Municipal de Cuba, repleto, estiveram Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do Partido, Luísa Araújo, do Secretariado do Comité Central, João Dias Coelho, da Comissão Política, membros do Secretariado da DORBE e, ainda, João Português, da Comissão Concelhia de Cuba.
Em mais um momento da discussão em curso no colectivo partidário, Jerónimo de Sousa apresentou as Teses – um texto não fechado –, começando por evidenciar a forma «profundamente democrática» como os comunistas debatem os problemas.
Lembrou que os Estatutos e o Programa do PCP mantêm-se actuais, pelo que não estarão em discussão no XX Congresso, e aconselhou os militantes a revisitar aqueles documentos.
Sobre a situação internacional, considerou que a análise feita pelo XIX Congresso sobre o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo mantém actualidade, confirmando a sua «natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora». O contexto da actual ofensiva do imperialismo à escala mundial («o capitalismo está na ofensiva, aposta na guerra e no fascismo»), em que os perigos coexistem com as potencialidades de avanços progressistas, é caracterizado por «uma continuada e tenaz resistência» dos trabalhadores e dos povos.
Para PCP, partido patriótico e internacionalista, os desafios que hoje se colocam na luta contra o imperialismo situam o espaço nacional como terreno central e decisivo da luta de classes e de transformação social. O Secretário-Geral reforçou a ideia, no quadro da relação dialéctica entre o nacional e o internacional, que «é aqui, no nosso País, com o nosso povo, que se situa o principal foco da luta». E, face à violenta ofensiva imperialista, apontou três aspectos cruciais: a necessidade de fortalecer a cooperação dos partidos comunistas com outras forças democráticas, progressistas e anti-imperialistas, alargando a frente anti-imperialista; a confirmação de que o processo de substituição do capitalismo pelo socialismo não é automático, exige a criação de condições subjectivas, a luta das massas populares, um forte partido revolucionário, a aplicação do marxismo-leninismo de forma criadora; e a evidência de que a construção do socialismo, com a Revolução de Outubro e demais revoluções ao longo do século XX, deixou de ser sonho e utopia mas uma necessidade e uma possibilidade.
Governo durará quanto tempo?
A situação no País foi amplamente abordada na reunião de quadros. Duas ideias dominantes: o agravamento da situação nacional é consequência de quatro décadas de política de direita e de 30 anos de integração na «Europa»; e a política de direita e de submissão à União Europeia e ao euro «condicionam e comprometem as possibilidades de desenvolvimento soberano do País». O PCP, nas suas Teses, propõe a ruptura com a política de direita e com as imposições e constrangimentos da União Europeia, visando a construção em Portugal de uma alternativa política, patriótica e de esquerda.
Sobre o momento político actual, complexo e cheio de contradições, Jerónimo de Sousa referiu que «há muito contrabando» sobre a solução governativa encontrada depois das eleições de 2015. Esclareceu que não há um «governo de esquerda» mas um governo minoritário do PS; que não há uma «maioria de esquerda» na Assembleia da República; e que o PCP mantém total liberdade e independência políticas, decidindo em função dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
A solução política actual vai durar? O Secretário-Geral do PCP foi claro: a durabilidade do Governo PS dependerá da adopção de uma política que assegure a inversão do rumo de declínio e retrocesso e corresponda aos interesses e aspirações dos trabalhadores e do povo. «O compromisso do PCP é com os trabalhadores e com o povo», repetiu.
Outros temas largamente debatidos pelos quadros do distrito de Beja foram a luta de massas, factor decisivo na construção de uma alternativa política e no processo de transformação social, e o reforço do Partido.
Jerónimo de Sousa encerrou a reunião, já perto da meia-noite, ao fim de três horas de trabalho, com palavras de confiança, dirigidas aos quadros, a todos os comunistas, aos trabalhadores: «Tenham grande confiança no PCP. O Partido continua a lutar pelos seus objectivos supremos, a construção de uma sociedade liberta da exploração e da opressão capitalistas, a construção do socialismo e do comunismo».
Publicado no Jornal Avante!