Independentemente de uma avaliação posterior mais desenvolvida, o que as informações até agora disponibilizadas não permitem, é possível avançar com as seguintes considerações:
Fundos Estruturais e Fundo de Coesão - um acordo que não justifica triunfalismosPAC – derrota do reequilíbrio financeiro, derrota na questão nuclear
O Governo obteve a duplicação da quota de trigo rijo, o que é positivo. Sobre a questão do tomate nada se sabe. Quanto ao resto, e mais importante, é uma derrota em toda a linha, assegurando no máximo os rendimentos obtidos no anterior período.
O objectivo central de reequilibrar as despesas do FEOGA entre os agricultores (pequenos e grandes), entre as culturas (as típicas do Norte da Europa e as do Sul), e entre países (Portugal é o que, proporcionalmente, menos recebe) falhou redondamente.
Portugal vai continuar a ser o país com agricultura menos apoiada, as culturas mediterrânicas (vinho, azeite, frutas e hortícolas, etc.) vão continuar sem apoios ou com apoios reduzidos, a dificuldade e injustiça na distribuição das ajudas entre agricultores vai mesmo crescer! Vai agravar-se a já intolerável distribuição em que 90% dos fundos revertem para 10% dos agricultores portugueses.
Vai também haver descida de preços nos cereais e carne de bovino, não compensadas integralmente por ajudas directas, mesmo se há uma ligeira melhoria relativa à proposta do último Conselho de Ministros da Agricultura.
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Só a postura de pouca exigência e pouca ambição na defesa dos interesses nacionais pode levar o Governo português, e o primeiro-ministro, a proclamar a folgada vitória com os resultados de Berlim. A mesma postura que alimenta o equívoco de julgar que a insatisfação da Espanha e da França face ao acordo significa perdas relativas desses países!