Uma saudação a todos vós, uma saudação pela vossa militância, pelo vosso esforço, uma saudação pelo empenho e dedicação deste magnífico colectivo partidário à causa dos trabalhadores e do nosso povo.
Uma saudação particular à juventude e à JCP pela criatividade e combatividade que colocaram na campanha eleitoral que desenvolvemos.
Uma campanha de grande importância e significado e cujos resultados não espelham o esforço e a dinâmica criadas.
São justas e compreensíveis as inquietações e as insatisfações que podem pairar no seio de todos nós.
De facto, o que caracterizou a campanha que desenvolvemos foi o contacto, o esclarecimento, a construção a cada dia e a pulso do resultado, foi a mobilização crescente.
E depois disso tudo, desse esforço, dessa animação e confiança crescentes, vêm uns resultados eleitorais que criaram uma situação ainda mais favorável ao grande capital e à intensificação da política de direita, mas a importância do conteúdo e da mobilização da nossa campanha, que ganhou e fixou votos, projecta-se para além das eleições, projecta-se nessa luta que continua.
Os cerca de três milhões de votos que se concentraram nos partidos de direita constituem um elemento negativo para o País, para os trabalhadores e o povo.
Um voto assente na demagogia, na mentira e na ilusão, e que arrastou e enganou milhares para a falsa ideia da mudança, essa mudança que de facto se exige, mas que não virá pelas mãos de PSD, CDS, IL e Chega.
Desses partidos só virá mais favorecimento dos interesses dos grupos económicos, mais ataques aos serviços públicos, mais desmantelamento do SNS e da Escola Pública, mais ataques ao regime democrático.
Dessas forças políticas, que se dizem em nome do povo mas mais não são do que, isso sim, instrumentos ao serviço dos grupos económicos, dessas forças só se pode esperar ainda mais injustiça e desigualdade.
E assim será, mesmo que nesta fase avancem por via da pressão da luta, com esta ou aquela medida pontual, com esta ou aquela opção táctica, até podem vir com um Orçamento rectificativo na procura de iludir o seu projecto de fundo, mas sem nunca pôr em causa os interesses de quem de facto determina a sua actuação, ou seja, os grupos económicos.
Para lá de manobras e das fabricadas discordâncias entre PSD, CDS, IL e Chega, sempre que se colocar ter de salvaguardar os interesses e objectivos do grande capital, lá se encontrarão as convergências necessárias para tentar levar por diante esses objectivos.
O número de deputados ao serviço dos interesses dos grupos económicos aumentou consideravelmente no seguimento das eleições.
E é neste jogo de sombras entre o que é tratado às claras e o que se decide por baixo do pano, é nesta nova correlação de forças que se vai tentar retomar o projecto troikiano interrompido em 2015.
É isso que pretendem e que ninguém se deixe iludir pela eventual entrada em pezinhos de lã ou por esta ou aquela medida pontual porque o que querem é a intensificação da exploração, da liquidação de direitos e do avolumar de injustiças, o que querem é voltar a esses tempos sombrios onde lá estavam todos, os que hoje se mantêm no PSD e no CDS, os que entretanto se passaram para a IL e o Chega.
O que os une a todos é muito mais forte do que o que eventualmente os separa.
Isto não se trata de uma questão de pessoas, das suas intenções ou vontades, mas sim de projecto e de compromissos.
Compromissos e dependências dos grupos económicos, dos que efectivamente os sustentam e apoiam, e são de facto determinantes para as opções políticas.
Bem podem apregoar mundos e fundos, que no fim do dia o que prevalece é a concentração da riqueza nas mãos de uns poucos.
E aqui chegamos em grande medida por responsabilidade do PS.
Com tudo na mão, uma maioria, um Governo e condições financeiras, optou por não responder aos problemas centrais da vida dos que vivem e trabalham no País, e, ao não fazê-lo, aumentou a justa indignação e sentimento de injustiça de milhões de trabalhadores, ao mesmo tempo que se ajoelhou perante os benefícios e apoios aos grupos económicos.
Um PS que, em particular nos últimos dois anos, deu palco e alimentou as forças mais reaccionárias. Os resultados destas opções estão à vista. Estamos perante um novo quadro político. Uma situação que cá estamos para a enfrentar. E enfrentar desde o primeiro minuto, a começar pela previsível formação de um Governo PSD/CDS.
Cá estamos a fazê-lo com todos os meios que temos ao nosso dispor, seja nas instituições seja nas ruas.
Não abdicamos de nenhum instrumento, não abdicamos de tornar claro que, pelo que depende do PCP, o projecto da direita não será implementado.
Caso o Governo da AD seja indigitado, apresentaremos uma moção de rejeição.
Não é preciso esperar pela entrada em funções para se saber quais os projectos e objectivos desse Governo.
Que dali só poderá vir mais injustiça e exploração.
A direita e os seus projectos só podem contar com a frontal oposição do PCP.
É essa dimensão política de marcação de posição que a moção de rejeição assume.
Não peçam ao PCP para alimentar ilusões, sabemos bem e desde já o que se pode esperar da direita, sabemos bem para quem sobra sempre o projecto da direita, sabemos bem, por muito mediatismo que se crie, o muito de negativo que o projecto do PSD e do CDS, por si só, representa.
Com o PCP não há tolerância mínima ao projecto da direita, não nos peçam paciência ou esperar para ver perante um caminho de desastre nacional. Cada um que assuma as suas responsabilidades e decida a partir do que entender. Da nossa parte não há ilusões nem benefícios da dúvida.
Seremos a oposição, seremos a força de construção e para avançar.
Respondendo desde logo aos compromissos assumidos e às necessidades que se colocam de imediato à vida dos trabalhadores e do povo.
Cumprindo a palavra dada, fazendo após as eleições o que antes afirmámos.
Aqui, nesta força, não há espaço para a falsa promessa ou para levar ao engano.
Cá estamos pelo aumento geral dos salários; pelo aumento extraordinário das reformas e pensões; por respeitar, valorizar os trabalhadores, fixar profissionais no SNS; para repor o tempo de serviço dos professores e pôr fim à precariedade nas escolas; para fixar preços de bens alimentares e baixar o IVA na electricidade, telecomunicações e gás; para travar o aumento das rendas e pôr os lucros da banca a suportar os aumentos das taxas de juro; para dar combate às privatizações, à corrupção e às injustiças; para defender e fazer cumprir a Constituição da República.
É tudo isto que precisa de resposta, assim era dia 9 de Março, assim o é hoje.
A política de direita provoca instabilidade na vida dos trabalhadores e do povo. É a essa instabilidade na vida a que é preciso pôr fim.
Os interesses do povo e dos trabalhadores são inconciliáveis com os interesses dos grupos económicos. É este o verdadeiro confronto, e é sobre ele que é preciso optar.
Ou se opta pelos interesses do povo e dos trabalhadores, ou pelos grupos económicos.
Ou se opta por uma política alternativa ao serviço da maioria ou se mantém e agrava a opção por uma minoria.
Ou se opta por aumentar significativamente os salários e distribuir a riqueza que está criada, ou se opta por manter e aprofundar uma situação onde os 10% mais ricos têm mais de metade de toda a riqueza do País.
Ou se opta pelo aumento das reformas e pensões, ou se desrespeita a dignidade devida a quem trabalhou uma vida inteira.
Ou se opta por investir nos serviços públicos, no Serviço Nacional de Saúde, na Escola Pública, nos transportes, na cultura, na concretização dos direitos, ou se opta por abdicar de 11 mil milhões de euros para servir o Euro, em nome de umas contas certas do grande capital.
Ou se opta por recuperar o tecido produtivo, os sectores estratégicos, a soberania, e responder às necessidades do País e do povo, ou se abdica de toda a riqueza que se esvai do País para o estrangeiro, como os 13,8 mil milhões de euros em lucros e dividendos, fruto das privatizações, da livre circulação de capitais, da dependência externa do País.
Ou se opta pelo combate à especulação e por travar o aumento dos preços dos bens essenciais, como a alimentação, ou se promovem os 354 milhões de euros de lucros da Sonae.
Ou se opta pelos caminhos da paz, ou pela guerra e pela indústria do armamento.
Ou se opta por pôr os lucros da banca a suportar o aumento das taxas de juro ou se mantêm as dificuldades e os sacrifícios aos trabalhadores, reformados e famílias.
São estas as opções a fazer, tudo o resto são proclamações e intenções.
Com o PCP as opções são muito claras e o que se exige é a mesma clareza a todos os outros.
O nosso resultado eleitoral não torna menos legítimas nem menos urgentes as opções que têm de ser feitas.
Um resultado eleitoral que traduzindo um desenvolvimento negativo, é em si mesmo um sinal de resistência.
Se há razões para estarmos insatisfeitos também há quem esteja muito insatisfeito com os resultados que tivemos, desde logo os que acharam e tudo fizeram para que ficássemos fora da representação institucional.
Os mesmos que promovem falsas soluções que canalizem o descontentamento.
Os mesmos que propagam o apontar o dedo para o vizinho, para o colega de trabalho, para o imigrante, ao agitar uma falsa sensação de insegurança, o desviar as atenções daquela que é a principal causa da sua situação, estas forças que se apresentam como anti-sistema mas são o pior que o sistema tem, esse sistema capitalista baseado na exploração, na predação, na opressão e na agressão.
Alimentadas, financiadas e apoiadas por aqueles que precisamente mais beneficiam do sistema, das injustiças e das desigualdades com que, sem contemplações nem receios, pretendemos acabar.
O nosso colectivo partidário não deixará de analisar os resultados eleitorais.
Precisamos que isto seja feito, que seja feito pelo Partido e pelos muitos e muitos amigos que connosco participaram na batalha eleitoral.
Estamos a fazê-lo, vamos fazê-lo, mas em andamento, a intervir, a combater e organizar para avançar.
É com a força que o povo nos deu, é com os mais de 200 mil votos e os 4 deputados eleitos, mas é também com a força global que temos, muito para além da institucional, que estaremos, como sempre, junto dos trabalhadores e do povo.
A dar seguimento à experiência da campanha eleitoral, uma campanha de contacto levada a cabo por milhares de activistas da CDU, militantes do PCP, do PEV, e muitas e muitas pessoas sem filiação partidária que se juntaram e construíram a pulso o resultado da CDU.
A dar seguimento à dedicação e militância extraordinárias com destaque para a participação juvenil e a forma alegre, empenhada, criativa e determinada como se envolveram na campanha eleitoral.
A dar seguimento aos contactos, às conversas, aos esclarecimentos, junto daqueles que, mesmo não tendo votado CDU desta vez, não deixaram de reconhecer a justeza das nossas propostas e até a nossa importância.
Esta ligação deve ser prosseguida, desenvolvida e aprofundada.
Um trabalho paciente mas necessário e cuja importância vai muito para além de disputas eleitorais.
Um trabalho que tem desde já continuidade na jornada de contacto com os trabalhadores e a população entre os dias 21 e 24 de Março.
Neste novo contexto político, a luta será obstáculo necessário à política de direita, à ofensiva contra os direitos e as condições de vida.
Será a luta a impor uma política em prol do progresso, de melhores condições de trabalho e de vida, em defesa dos serviços públicos.
Cá estará o PCP para travar essa luta, nas ruas, nas instituições, na Assembleia da República.
Lutas que estão a ter lugar um pouco por todo o País, em variadíssimos sectores e adoptando as mais diversas formas.
Lutas em curso e em preparação como são exemplo, professores, médicos, enfermeiros, jornalistas, dos trabalhadores das misericórdias, da distribuição, dos estudantes, da juventude, das mulheres e tantas e tantas outras.
Com a coragem de sempre travaremos as lutas que temos pela frente.
Com determinação e com alegria.
Sendo, como sempre fomos, a força que conta, a força decisiva, a força que não se verga perante os ataques da direita, venha ela de onde vier e como vier.
A força que transporta consigo o projecto, os valores, os direitos desse Abril transformador.
Cá estamos, com determinação para construir a alternativa.
Aqui estamos e apelamos a essa luta que determina, aqui estamos e apelamos a umas grandes e massivas comemorações populares que estão em preparação dos 50 anos do 25 de Abril.
Um grande momento de afirmação do seu exemplo transformador, das conquistas, dos valores e do projecto de presente e de futuro, que é a Revolução de Abril.
É hora de sair à rua.
É hora de sair à rua em todo o lado e levantar bem alto esse projecto de futuro que é Abril.
Abril é mais futuro, é um futuro que se concretiza em Maio.
Esse Maio do 1.º de Maio e de uma grande e poderosa jornada que está colocada a todos os trabalhadores, mas também aos democratas.
Façamos do 1.º de Maio uma enorme construção dos trabalhadores e um grande momento de afirmação das suas justas reivindicações e da mudança que se impõe.
Essa exigência de mudança, que terá de ter expressão também nas eleições para o Parlamento Europeu, uma oportunidade de, com o voto na CDU, afirmar o caminho necessário para o País e para a Europa.
O caminho da melhoria das condições de vida, do desenvolvimento, progresso social, paz e cooperação entre os povos.
É esse sentido de futuro que se exige, esse caminho que a Revolução de Abril inscreveu de construção de um Portugal de progresso e soberano, de conquistas, avanços e transformações extraordinárias e que décadas de política de direita têm negado em nome de um projecto de restauração capitalista.
Quando hoje se agita a ideia de mudança para que tudo prossiga igual, aqui afirmamos que a verdadeira mudança exige a ruptura com a política de direita, a verdadeira mudança exige romper com concepções retrógradas e práticas que estão na origem das desigualdades e injustiças, a mudança que se exige é a da construção de uma alternativa que retome esse ciclo novo na vida nacional que a Revolução de Abril abriu.
Não há solução para os problemas nacionais, não há resposta aos problemas dos trabalhadores e do povo sem retomar o que a Revolução de Abril representou.
Não se pode invocar Abril e conspirar contra Abril, destruir o que de mais avançado traduziu de direitos e conquistas sociais, negar o que Abril significou de corte com esse poder económico que sustentou o fascismo e que agora de novo dita e comanda a política, empobrece a democracia e o sentido libertador que Abril representou.
É para esse caminho novo que as forças do capital interromperam, é para este caminho patriótico e de esquerda que o PCP apela aos democratas, aos patriotas, aos que cá vivem e trabalham, que apela a todos para que se mobilizem para construir a alternativa que se impõe.
Uma acção e mobilização em torno das soluções concretas que se impõem a favor de quem trabalha e do povo, uma acção que se impõe e que faça frente aos interesses dos que se acham donos disto tudo, uma acção que convirja na defesa do regime democrático e no cumprimento da Constituição da República.
As circunstâncias de intervenção face aos resultados eleitorais são necessariamente mais exigentes, mas a juventude, os democratas, os patriotas, todos o que cá vivem e trabalham sabem que contam sempre com o PCP.
Este Partido com 103 anos de vida de e com uma história ímpar, de dedicação e luta contra todas as formas de exploração e opressão, pela liberdade, pela democracia e pelo socialismo.
Um Partido firme no seu ideal, que não abandona os seus princípios.
Um Partido que não deixa cair o sonho, o projecto político, a acção revolucionária.
Um Partido que aqui está para enfrentar todos os desafios que lhe estão colocados, um colectivo Partidário coeso, unido, firme, que se quer cada vez mais protagonista e construtor.
Aqui estamos sabendo que são grandes e exigentes as tarefas que a actual situação coloca ao Partido.
Partido que assume com convicção e honra a sua identidade comunista.
Partido a que todos nós, militantes comunistas, temos o orgulho imenso de pertencer, assumindo o legado que nos foi deixado por sucessivas gerações de comunistas.
Viva a luta dos trabalhadores!
Viva a JCP!
Viva o PCP!