Este agendamento é um hino à hipocrisia política.
O CH reconhece que o país precisa de imigrantes, mas depois acusa-os de invadir as nossas cidades.
Reconhece que há em Portugal muito trabalho para os imigrantes, mas depois acusa-os de não trabalhar.
Reconhece que os descontos dos imigrantes são muito importantes para a sustentabilidade da segurança social, mas depois acusa-os de ter benefícios sem descontar.
O CH reconhece que os imigrantes são muito necessários, que há trabalho para os imigrantes, que os imigrantes são importantes para o equilíbrio demográfico e para a sustentabilidade da segurança social devido aos descontos que fazem, mas depois, ataca os imigrantes como se fossem uma praga do Egipto.
E pior: quer virar as pessoas contra os imigrantes com base no medo, no preconceito e da xenofobia.
O CH tem um discurso que se nega a si próprio, porque é um discurso mentiroso.
O que o CH quer é um país de portas fechadas para a imigração legal mesmo sabendo que isso escancara as portas à imigração ilegal.
O que o CH quer é que os imigrantes que não são ricos e que vêm para cá para trabalhar para ganhar a vida, trabalhem com baixos salários, sem horários, sem direitos, sem habitação condigna porque não a podem pagar, sejam invisíveis e que permaneçam ilegais e sujeitos a todo o tipo de discriminações e é contra esses que o CH aponta o seu discurso, acusando-os de serem os causadores de todos os males que afetam os portugueses que, tal como eles, sentem na pele o peso da exploração, dos baixos salários, da falta de habitação, da injustiça social.
O CH não é contra os estrangeiros, se forem ricos. É contra os estrangeiros que sejam pobres e trabalhadores, para alimentar o seu discurso de virar trabalhadores contra trabalhadores e de pôr pobres a invejar outros pobres. Porque no dia em que trabalhadores portugueses e estrangeiros tiverem direitos iguais, salários decentes e habitações condignas, cai por terra a demagogia do CH.