A saída do Reino Unido da União Europeia concretiza a vontade expressa pelo povo britânico, através de um referendo, e representa uma derrota de todos aqueles que nos últimos anos, por meios diversos, tentaram contrariar esta decisão.
Esta saída corresponde a um acontecimento histórico, de um enorme significado político. O processo de integração - que não é uma integração qualquer, não é uma integração neutra, é uma integração capitalista - não é irreversível, não é inevitável e não conhece apenas um sentido.
Muito se disse já sobre as motivações que ditaram este desfecho.
Certamente que para ele terão contribuído motivações e sentimentos diversos, até contraditórios. Mas será seguro afirmar que, mesmo com motivações contraditórias, esta saída resulta de um inequívoco desejo de ruptura, que sucede a uma profunda insatisfação. Insatisfação que é inseparável das consequências sociais e económicas das políticas da União Europeia. Insatisfação que é inseparável do sentimento de que os povos foram espoliados de instrumentos essenciais para determinar os seus destinos. Ora, a este sentimento, sobreveio a vontade de recuperar o controlo sobre decisões fundamentais que afetam esses destinos.
A soberania não se perde, não se ganha. A soberania exerce-se.
Esta é outra das lições que podemos retirar deste processo - algo que alguns tudo fazem para esconder.