«O capital quer, o Governo executa, o PS contribui, a Iniciativa Liberal e o Chega aplaudem.» Foi desta forma sumária mas incisiva que o Secretário-Geral do PCP resumiu, num jantar realizado na Marinha Grande, a actual situação do País. Para Paulo Raimundo, «todos diferentes, mas todos eles, de uma forma ou de outra, comprometidos, todos cúmplices, todos submissos às ordens do chefe».
Garantindo que o PCP não se verga à política de direita, o dirigente comunista salientou a necessidade de prosseguir a luta pela elevação das condições de vida: é essa exigência, aliás, que sobressai da acção nacional «Aumentar salários e pensões. Para uma vida melhor», na qual aquela iniciativa estava inserida. Esta acção, que prossegue até final do mês de Março, articula-se com o abaixo-assinado.
Na sua intervenção, que se seguiu à de João Norte (membro da Direcção da Organização Regional de Leiria e do Comité Central do PCP), Paulo Raimundo deu o exemplo das alterações à Lei dos Solos, que considerou serem mais uma «oportunidade de negócio» para o capital: PSD, CDS, Chega e IL aprovaram-nas e o PS «foi a jogo», abstendo-se. Reafirmou ainda a defesa que o PCP há muito faz da reposição da taxa de 6 por cento no IVA da electricidade, gás e telecomunicações e ainda do direito à reforma sem penalizações após 40 anos de trabalho.
Voltando a insistir na necessidade de Portugal reconhecer o Estado da Palestina, o Secretário-Geral do PCP defendeu que o papel de Portugal não é (ou não deveria ser) de submissão aos interesses da NATO. «Portugal é um país soberano, com direito e com voz própria» que só se deverá submeter «a todos aqueles que vivem e trabalham no nosso país».