Intervenção de

Calçado proveniente da China e do Vietname - Intervenção de Pedro Guerreiro no PE

Consideramos que as medidas decididas pelo Conselho pecam por tardias,
têm um impacto limitado e ficam aquém das necessidades de um sector com
futuro e de grande importância para Portugal e para a União Europeia.
Senhor Comissário, certamente terá conhecimento da realidade do
encerramento e da deslocalização de muitas empresas e da destruição de
postos de trabalho no sector do calçado em Portugal, aumentando o
desemprego e o risco de pobreza para milhares de trabalhadores. Sendo
de recordar, uma vez mais, a situação dos trabalhadores da
multinacional C&J Clarks, em Castelo de Paiva, que, passados três
anos do seu encerramento e após múltiplas promessas, se encontram
actualmente sem alternativas de emprego.
Ou seja, com a liberalização do comércio mundial perderam os
trabalhadores e inúmeras micro, pequenas e médias empresas do sector do
calçado na UE. Por outro lado, quem ganhou com o vertiginoso aumento
das importações de calçado de países terceiros, não foram os
denominados consumidores, mas as grandes multinacionais e os grandes
importadores e distribuidores, que acumularam fabulosas margens de
lucro, aliás como a Comissão reconhece. Se o grande comércio
internacional efectivamente se preocupasse com os interesses dos
consumidores, há muito que podia ter reflectido essa preocupação numa
significativa baixa no preço de venda do calçado que importa.
    Senhor comissário,
A responsabilidade por esta situação, como temos vindo a apontar, não
deverá ser imputada a países terceiros, mas sim à União Europeia e às
suas políticas de promoção da concorrência e da liberalização do
comércio internacional, assim como da manutenção de um valor do Euro
que prejudica sectores produtivos, como o do calçado. Aliás, ainda na
semana passada a Comissão Europeia divulgou a intenção de incrementar
tratados bilaterais de livre comércio, relançando uma nova cruzada pela
liberalização do comércio mundial.
É precisamente esta política que se impõe pôr em causa.

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