Voto n.º 173/X de solidariedade para com o Governo e o povo da Bolívia
Sr. Presidente,
Sr.as e Srs. Deputados:
A situação que se vive na Bolívia resulta, fundamentalmente, da conjugação de dois factores: em primeiro lugar, da existência de uma oposição de direita fascizante, que nunca se conformou com o resultado das eleições de 2005 e com a derrota que aí sofreu; em segundo lugar, da intervenção directa do agora ex-embaixador dos Estados Unidos na Bolívia, o Sr. Philip Goldberg, que teve como objectivo a reorganização destas forças de direita fascista, com o objectivo de derrotar o projecto revolucionário e progressista de transformação social em curso na Bolívia.
E é bom relembrar que esse senhor ex-embaixador dos Estados Unidos conta já com um vasto currículo de intervenções de fomento de conflitos ético-regionais, com passagem, por exemplo, pela Bósnia e pelo Kosovo.
Para os Estados Unidos e para a direita boliviana tem valido tudo neste processo. Valeu o boicote às reformas sociais e económicas introduzidas, tem valido a criação de entraves à aprovação da Constituição e valeu até mesmo a convocação de um referendo, realizado no passado mês de Agosto, com vista à destituição do Presidente Evo Morales, que, no entanto, resultou no seu reforço e no reforço das forças revolucionárias e progressistas da Bolívia, que o apoiam.
Mas, mais recentemente, a direita fascista e o agora ex-embaixador dos Estados Unidos na Bolívia apoiaram uma tentativa de secessão territorial na Bolívia, com o recurso à violência, à ocupação e destruição de edifícios estatais, à tentativa de asfixia económica do país e à provocação das forças de segurança, com vista ao recrudescimento da situação de violência que ali se vivia.
E, perante esta situação, tem sido dada uma resposta importantíssima a dois níveis.
Em primeiro lugar, a resposta dada pelas massas populares, não só no apoio às transformações
revolucionárias que se têm concretizado mas também no apoio ao seu Presidente e às forças que têm promovido estas transformações, apesar dos assassinatos, das prisões, das torturas e das humilhações a que as forças da direita e os paramilitares têm sujeitado muitas das populações de camponeses e de operários apoiantes do Presidente Evo Morales.
Em segundo lugar, uma resposta a outro nível, que já aqui foi referido, que foi a resposta dada pelos países da Alternativa Bolivariana para as Américas, a recentemente criada União das Nações Sul-Americanas, que tem dado um apoio indesmentível e solidário ao Presidente boliviano e tem reforçado as posições anti-imperialistas que em toda a América Latina vão ganhando espaço e campo contra a ingerência dos Estados Unidos e de apoio a verdadeiros projectos de justiça social, de libertação de autodeterminação dos povos, como é o caso dos exemplos cubano e venezuelano e de outros.