Artigo de Honório Novo no «Jornal de Notícias»

«Barroso e as armas!»

A maioria dos portugueses é contra a guerra de ocupação em que o eixo anglo americano se afunda no Iraque. Todos – os que apoiaram, os muitos que se indignaram – ouviram Barroso insistir na tese da ameaça das armas de destruição maciça para justificar o apoio à invasão do país de Saddam, ex-amigo dos interesses americanos do petróleo.

Quando se prova que o Iraque tinha uma débil capacidade militar (Colin Powell), que Saddam não deslocava as armas químicas entre os bairros residenciais de Bagdad (Rumsfeld), e que o Iraque não tinha comprado urânio num país africano (Director da CIA); quando agora se diz que as armas só serviram para criar uma imensa intoxicação mediática (David Kay, inspector chefe americano), quando este argumento foi artifício para convencer o mundo da necessidade de uma guerra ditada pelo facto do Iraque nadar em petróleo (Wolfowitz, secretário da Defesa), quando Bush e Blair (e até Aznar) se encontram a braços com a responsabilização política das suas mentiras, Durão Barroso assobia para o ar como se não fosse nada com ele.

Já que se soube colocar em bicos dos pés, papagueando mentiras montadas em Londres e Washington, já que arrastou Portugal para uma posição internacional totalmente acrítica, o mínimo que se exige a um Primeiro Ministro é que, ao menos, tenha uma réstia de dignidade e a coragem de assumir responsabilidades. Esclarecendo se foi enganado pelos seus aliados, se foi enganado pelos serviços secretos ou se foi ele próprio que decidiu enganar os Portugueses.

Entretanto, e se continuar a não mostrar grande vontade em reconhecer os seus erros, deve ao menos aceitar o repto que esta semana lhe lançamos: desclassifique os relatórios secretos, venha ao Parlamento discuti-los com o País!

  • Soberania, Política Externa e Defesa
  • Central
  • Artigos e Entrevistas