"Authorities" - Ruben de Carvalho no "Diário de Notícias"

Ao que parece, o ministro Morais Sarmento é contagioso. É a única
explicação para que António Costa Pinto (a crer na Internet «one of
Portugal’s leading authorities on contemporary portuguese history»),
que o barrosismo nomeou para dirigir as comemorações dos 30 anos do 25
de Abril, venha coralmente afirmar que «o 25 de Abril é património
comum a todos na sociedade, independente das ideologias políticas». É
bom saber o que pensam as leading authorities on contemporary
portuguese history. Para elas «independentemente das ideologias
políticas», o 25 de Abril é património dos assassinos do padre Max. Dos
profissionais da tortura que dispararam há 30 anos das janelas da
António Maria Cardoso. Do cónego Melo e dos assaltos e assassínios de
1975.

Na verdade, porque os antifascistas e os democratas têm
a dimensão humana e política que os seus inimigos jamais tiveram, ou
terão, o 25 de Abril é já há três décadas um património de Portugal.
Mas não o é «independentemente das ideologias políticas»: é-o
precisamente pelo contrário. Porque são bem diferentes as dos que
esmagaram a liberdade ou cobardemente a abandonaram antes e depois de
Abril e as de quantos por ela lutaram, a construíram e defenderam.
Antes e depois de Abril.

  • Regime Democrático e Assuntos Constitucionais
  • Central