Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República

O aumento do salário mínimo nacional

Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Rui Barreto,
Na sua intervenção, veio falar de entendimentos e de consensos. Ficou no ar a dúvida se, desta vez, haveria alguma novidade no agrupamento que o Sr. Deputado vinha aqui convocar, mas V. Ex.ª fez o favor de esclarecer isso logo desde o início e explicou ao que vinha.
Veio falar aqui de entendimentos e de consensos com as tais famílias políticas que constituem, afinal, o arco da dívida — o CDS, o PSD e o PS.
É entre esses que V. Ex.ª quer falar, é entre esses que V. Ex.ª quer manter o mesmo rumo de política e de entendimentos que vêm construindo e fabricando nos últimos 38 anos. E ficamos conversados — é para aí que os senhores querem ir e é nesse sentido que avançam.
Nós não vamos por aí e sabemos o que queremos, sabemos a alternativa que propomos ao País.
Em matéria de salário mínimo nacional, queremos aqui lembrar que já durante o anterior Governo, do PS, tinha sido firmado um acordo para a atualização do salário mínimo para 500 € — atualização fixada e acordada por todos os parceiros sociais que estavam nesse processo negocial — e então esse compromisso foi quebrado. O atual Governo do PSD/CDS bloqueou qualquer iniciativa nesse sentido, mesmo quando era evidente o acordo, a abertura e o consenso, tão saudado por V. Ex.a, para atualizar o salário mínimo.
Vem, agora, o Sr. Deputado dizer que o Governo deve ser um facilitador nessa matéria?! Agora, na pré-campanha das eleições para o Parlamento Europeu?! Por que será que os senhores agora descobriram isso?! O CDS, o PSD e o PS negociaram com a troica, ficou escrito e foram sempre dizendo: «Congelamento salarial? Perda do poder de compra? Paciência, é mesmo assim. O que se há de fazer?» E agora, com as eleições à porta, vêm falar em facilitar, em aumento do salário mínimo nacional?!
Quem é que os Srs. Deputados, estes partidos do arco da dívida pensam que enganam?
Vêm aqui anunciar investimentos, contratos, para outras empresas, para outros interesses, para outros grupos económicos terem os negócios já preparados?! Trata-se de outras parcerias público-privadas a fusão da Refer com a Estradas de Portugal?! Trata-se de aplicar na rede ferroviária a estratégia de privatização da gestão e da entrega de subconcessões que foram fazendo ao longo dos anos na Rede Rodoviária Nacional?! Trata-se de desmantelar estruturas técnicas, entregar aos interesses privados, fazer na rede ferroviária o que fizeram na rodovia?! É esse o sentido do entendimento e do consenso que os senhores querem promover e perpetuar com o arco da dívida?!
É caso para dizer, Sr. Deputado: não, muito obrigado!

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