O anúncio pelo Governo do limite de 3,5% para os aumentos médios das tarifas dos transportes de passageiros não corresponde à verdade e à realidade sentida por todos os portugueses que necessitam de utilizar os transportes públicos de passageiros nas suas deslocações diárias.
Na realidade, o Governo esconde que no ano passado os passes sociais e as tarifas de transportes aumentaram em Março e em Agosto o que faz com que os aumentos, agora anunciados, se situem, relativamente ao período de um ano, em 7,6% para o passe L123 (o mais utilizado na região de Lisboa) e 6,5% para o passe L (o mais utilizado na cidade de Lisboa). Os vários passes combinados, intermodais e próprios das várias empresas têm também aumentos em torno dos 7,6%.
Se observarmos os preços anunciados para títulos próprios verificamos que o pré-comprado da Carris BUCx2 aumenta de 0,93 cêntimos, em Março de 2002, para 1 euro, em Fevereiro de 2003, ou seja, 7,5%. A tarifa do Metropolitano de Lisboa passa de 0,55 cêntimos, em Março de 2002, para 0,65 cêntimos em Fevereiro de 2003, um aumento de 18,1%.
O Governo justifica o actual aumento de 3,5%, superior à taxa de inflação que ele próprio prevê -2,5% - com o facto das tarifas terem, nos últimos anos, evoluído abaixo da inflação. Nova mentira! Recordemos que no ano passado somando os aumentos dos passes em Março e Agosto estes corresponderam a cerca de 6%.
Esta linha política de aumentos das tarifas é contrária à necessidade de incremento da utilização dos transportes públicos de passageiros nas deslocações dos portugueses, em especial nos grandes centros urbanos e áreas metropolitanas.
Esta medida, enquadrada nas opções políticas do Programa de Governo, está inserida numa linha de ataque ao serviço público de transporte de passageiros, na perspectivada privatização das empresas públicas, agravará ainda mais o preço das tarifas no futuro e conduzirá à redução da qualidade do serviço prestado.
Estes novos aumentos vêm afectar, ainda mais, o custo de vida dos portugueses neste início de 2003. O PCP já denunciara em 13 de Janeiro o brutal aumento dos preços de bens e serviços verificados nos primeiros dias de 2003.
O Partido Comunista Português considera que estes aumentos, inseridos numa opção política de classe do Governo PSD/CDS-PP de redução dos encargos sociais do Estado, de cortes salariais e ataques aos mais elementares direitos dos trabalhadores em oposição à distribuição de benesses pelos grandes grupos económicos e financeiros, são inaceitáveis e exigem e uma resposta decidida dos portugueses.