Miguel Viegas, deputado do PCP no PE, questionou hoje Jyrki Katainen, Comissário indigitado para as pastas do Emprego, do Crescimento do Investimento e da Competitividade.
Conhecidas que são as suas convicções neoliberais, Jyrki Katainen foi confrontado com a importância de cada país poder dispor de um sector público forte que ajude os países a enfrentar a crise.
Cordial mas evasivo, o candidato a comissario refugiou-se num discurso enganador de defesa do Estado Social que não bate certo com uma prática política baseada na mais pura ortodoxia monetarista que tentou implementar no seu país e na Europa. Os portugueses devem estar bem lembrados das suas declarações relativamente aos empréstimos, quer a Portugal quer a Espanha, na altura em que era primeiro-ministro da Finlândia, nas quais foram proferidas palavras pouco abonatórias sobre os povos destes países:
Pergunta de Miguel Viegas na audição, Jyrki Katainen, Comissário indigitado para as pastas do Emprego, do Crescimento do Investimento e da Competitividade
"Senhor Katainen, estou muito comovido com a sua intervenção e compreendo perfeitamente o seu sacrifício. Em Portugal tivemos também um primeiro-ministro, Durão Barroso, que fugiu para a Comissão Europeia deixando o país em recessão.
Gostaria agora de falar-lhe de algumas regularidades empíricas. Como sabe, e isto é verificável, os países com maior despesa pública e, designadamente com maior despesa pública primária, foram aqueles que melhor resistiram à crise. São também aqueles que apresentam uma mais justa distribuição da riqueza e do rendimento. O Senhor deve saber do que falo na medida em que a Finlândia tem hoje a maior despesa pública primária da UE.
A minha pergunta é muito simples. Perante esta realidade, mantem de forma inabalável as suas convicções? Vamos continuar a apostar num modelo de destruição do estado social e de concentração da riqueza? Ou vamos arrepiar caminho e apostar em outras políticas que valorizem os salários? Vamos continuar a cortar nos impostos às empresas como fez na Finlândia como primeiro ministro ou vamos por exemplo taxar as transacções em bolsa?