O ataque de Israel a Gaza
Sr. Presidente,
Srs. Deputados,
Sr. Deputado Fernando Rosas,
Quero saudá-lo pelo facto de ter trazido este tema de extrema importância para o debate na Assembleia da República.
O que se vive hoje na Faixa de Gaza é difícil de descrever e de encontrar palavras que enquadrem todo o sofrimento humano que se vive naquela região do nosso Planeta e que não pode deixar ninguém insensível.
Aliás, saúdo a exigência de uma forte condenação por parte de todas as pessoas que querem, efectivamente, a paz e a resolução do conflito, de uma vez por todas.
Nesta questão, não pode haver equidistâncias. A equidistância não é uma posição razoável. Importa lembrar que a Palestina não tem nenhum exército e enfrenta um dos maiores exércitos do mundo. Importa dizer que este problema não é de há duas, três ou quatro semanas.
O problema da Palestina é um problema que se enquadra numa estratégia de médio e longo prazos, aliás, de muito longo prazo, por parte do Estado de Israel, de ocupação sistemática de território, que é o do Estado da Palestina.
Os muros, a estratégia dos colonatos, as ofensivas militares, são todas elas direccionadas para essa ocupação ilegal, que viola claramente as resoluções das Nações Unidas.
Portanto, esta ofensiva criminosa, militar, por parte de Israel, que conta com o aval dos Estados Unidos da América e o silêncio cúmplice de muitos outros países, conta com a forte condenação, a convicta condenação, do Partido Comunista Português.
A pergunta que lhe deixo é a seguinte: considera que se estão a construir as bases minimamente sólidas para iniciar um processo de paz com vista à resolução deste conflito? Esta ofensiva militar de Israel é inocente ao não criar as mínimas condições para que se resolva o conflito, do ponto de vista militar?
Está ou não Israel, com esta ofensiva, a perpetuar os movimentos fundamentalistas islâmicos? Está ou não a perpetuar o sentimento de conflito e de guerra naquela região do mundo?
É com conflito, é com esta perspectiva militar, que Israel resolve alguma vez o seu problema? A nossa convicção é a de que não resolve.
O primeiro passo que tem de ser dado para resolver este problema é o reconhecimento do Estado da Palestina como um Estado livre, autónomo e independente, que seja viável e possa propiciar condições de vida dignas à sua população. Só assim é que estaremos a dar os primeiros passos para a paz naquela região e para, de uma vez por todas, resolver este problema.