Pergunta ao Governo N.º 1052/XV/1

O arrastamento da modernização da Linha do Oeste

É cada vez mais evidente que a modernização da Linha do Oeste até às Caldas da Rainha não estará concluída até dezembro de 2023 - apesar de muitos portugueses que não residem no Oeste julgarem que esta obra estará mais que concluída, tal o número de vezes em que tal já foi prometido.

Recordamos algumas dessas promessas:

- Em 2010, a REFER (então, a empresa gestora das infraestruturas ferroviárias) tinha inscrita no seu plano de investimentos uma verba de 127,7 milhões de euros para modernização da linha do Oeste até 2016.

- Em 2016, Pedro Marques, então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, anunciou que a linha do Oeste seria «eletrificada até 2020, mas só até às Caldas da Rainha e sem duplicação da via.» Um investimento de 126 milhões de euros.

- Em 2019 é o Secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, quem anuncia que «O concurso para a eletrificação da Linha do Oeste, entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, vai ser lançado», estimando a conclusão da obra para o “terceiro trimestre de 2022”.

- Em 2020 é Pedro Nuno dos Santos o Ministro das Infraestruturas que anuncia que «Avançam as obras na Linha do Oeste entre Mira-Sintra e Torres Vedras», e que avançava igualmente o concurso para as obras entre Torres Vedras e Caldas da Rainha. Mais 101,7 milhões de euros anunciados.

- Em junho de 2022, é o vice-Presidente da IP quem anuncia que o projeto de modernização da Linha do Oeste avança até ao Louriçal: “Temos já os documentos do concurso preparados para o lançar e estamos a aguardar autorização para fazer o lançamento do concurso para contratação do projeto, que perspetivamos que possa ser lançado nas próximas semanas”.

Reconhecendo na mesma altura duas questões: que apenas 30% da obra do primeiro troço e zero do segundo troço estavam já concretizados.

- Em dezembro de 2022 continuam interrompidos os trabalhados de modernização do 1.º troço (Meleças/Torres) e avolumam-se as notícias que o Governo se prepara para encerrar a Linha para acelerar as obras. Isso não impede que a proposta de Plano Ferroviário Nacional apresentada não traga novas e brilhantes promessas para o futuro da Linha do Oeste, incluindo o necessário início de um serviço ferroviário suburbano (na qualidade e quantidade da oferta) entre Lisboa e Caldas da Rainha.

Sistematicamente o Governo tenta disfarçar com novas promessas os atrasos na concretização do antes prometido. E vai amealhando os investimentos não realizados para o combate ao défice. Mas não concretizar investimento produtivo significa liquidar o futuro do país no médio prazo, e o Governo não pode deixar de ter consciência disso mesmo.

Perguntamos:

1. Quando vai o Governo reconhecer que há um problema estrutural no sector ferroviário nacional, provocado por anos sucessivos de políticas de direita, pela liberalização, pelos pacotes ferroviários da UE, pela fragmentação da CP, que exige medidas de fundo para recuperar dos estragos provocados?

2. Os atrasos de concretização do projeto de modernização da Linha do Oeste não colocam em causa os fundos comunitários que o financiavam? Não existe um limite até dezembro de 2023 para alguns desses fundos?

3. Que medidas está o governo a adotar para garantir a concretização deste projeto?

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