O site Wikileaks divulgou cerca de 400 mil documentos secretos que confirmam que os EUA encobriram a tortura no Iraque e ocultaram a morte de civis, como já antes tinha divulgado documentos sobre as mesmas práticas no Afeganistão. De acordo com os documentos oficiais – cujo conteúdo o governo norte-americano se recusa a comentar, apesar do Pentágono ter formado uma equipa de mais de uma centena de «especialistas» com o objectivo de avaliar as consequências do seu conhecimento público –, as forças armadas norte-americanas terão ignorado as práticas de tortura levadas a cabo por forças iraquianas e subcontabilizaram o número de mortos civis resultantes da ocupação. Os dados reportam-se ao período entre Janeiro de 2004 e Dezembro de 2009, e indicam que pelo menos 109 mil pessoas, dos quais mais de 66 mil civis iraquianos, foram mortas pelos ocupantes e seus aliados locais. O total de vítimas nos postos de controlo é um exemplo de registo por baixo, mas os relatórios difundidos pela Wikileaks também reportam vínculos do governo títere de Nuri al-Maliki com os esquadrões da morte, execuções sumárias por parte do exército norte-americano e novos casos de assassinatos perpetrados por empresas de segurança privada como a Blackwater. Acresce que os documentos revelados pela Wikileaks nada dizem sobre os primeiros nove meses de invasão e guerra (porventura dos mais sangrentos); os assaltos criminosos a cidades como Fallujah ou Samarra; os bombardeamentos indiscriminados ou os mortos em consequência do uso de urânio empobrecido ou fósforo branco.
Assim, solicito à Comissão Europeia que me informe do seguinte:
Que diligências estão a ser feitas junto das autoridades dos EUA para apurar estes factos, nomeadamente a cumplicidade dos militares norte-americanos com as torturas?
Nas discussões entre os Estados-Membros, ao nível do Conselho, foi dado conhecimento destas práticas envolvendo países da UE, nomeadamente no Iraque mas também no Afeganistão?