A ACTARIS Sistemas de Medição Lda. convocou, no início de Janeiro,
os representantes dos trabalhadores - Comissão Intersindical - para
lhes comunicar o despedimento colectivo de 26 dos seus 214
trabalhadores, entre os quais se incluem 3 membros da Comissão de
Higiene e Segurança e 2 da Comissão Intersindical.
A empresa, "dedicada ao fabrico e comercialização de produtos e
sistemas de medição" na distribuição e venda de electricidade, água e
gás, tem, segundo a sua própria informação, 90% do seu volume de
negócios concentrado na linha de "produto electricidade" e, dentro
desta, cerca de 30% resulta de vendas directas no mercado português,
sendo o seu principal cliente a EDP. O restante volume de negócios
resulta da comercialização no mercado europeu, através da venda dos
seus produtos a outras unidades do Grupo ACTARIS.
Mas a ACTARIS não é uma empresa qualquer. Tem uma longa história na
indústria portuguesa, em Vila Nova de Famalicão. Fundada em 1892
como "A Boa Reguladora", destinada à actividade metalomecânica, foi a
primeira fábrica de relógios na Península Ibérica. A partir de 1955
evoluiu e alargou o leque das suas actividades passando a fabricar
contadores de energia eléctrica e de água. Em 1974
internacionalizou-se, passando uma empresa espanhola a fabricar
contadores do modelo Reguladora. Em Dezembro de 1992 "A Boa Reguladora"
foi integrada na Divisão Europa-Sul do grupo Schlumberger. Em 2001, a
ACTARIS comprou a divisão dos sistemas de medição daquele grupo. Agora,
uma parte significativa das actuais instalações, antes mesmo das
recentes decisões, encontra-se "desactivada" e os trabalhadores temem
que o anunciado despedimento seja a primeira acção de um processo
destinado ao seu total encerramento, para uma outra utilização
imobiliária.
Assim, solicito à Comissão Europeia que me informe do seguinte:
1. Terão o Grupo ACTARIS e os sucessivos titulares de "A Boa
Reguladora" recebido quaisquer apoios de fundos comunitários? Se sim,
quais?
2. Como aprecia a falta de responsabilidade social desta empresa?