Intervenção de Paulo Sá na Assembleia de República

Apelos à participação dos portugueses nas eleições europeias

Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado José Ribeiro e Castro,
Começou a sua intervenção a falar na abstenção, dizendo-se triste com os elevados índices de abstenção nas eleições. Mas, Sr. Deputado, os senhores contribuem para isso, quando numa semana vêm aqui dizer, e dizem aos portugueses, que não vão aumentar os impostos e na semana seguinte vêm dizer que, afinal, os impostos vão aumentar.
Ao enganarem sistematicamente os portugueses, ao mentirem sistematicamente aos portugueses, os senhores contribuem para o aumento da abstenção.
Sr. Deputado José Ribeiro e Castro, vivemos um dos momentos mais sombrios da nossa História recente. O País encontra-se há três anos sob o jugo do Memorando da troica, um Memorando que constituiu uma opção — e sublinho a palavra «opção» — dos três partidos da troica interna, o PS, o PSD e o CDS.
Sr. Deputado, havia uma alternativa, proposta pelo PCP em abril de 2011, que era a renegociação da dívida, mas o CDS e o PSD optaram por assinar o pacto de agressão da troica, alinhando integralmente com o processo de integração europeia. E, Sr. Deputado José Ribeiro e Castro, que processo é esse? O que é que carateriza esse processo de integração europeia? É um processo direcionado e concebido como um espaço de domínio dos grandes monopólios transnacionais; é um processo de integração orientado para a concentração de poder nas principais potências capitalistas da União Europeia, em instituições supranacionais distantes do controlo dos povos; é um processo de integração realizado à custa da erosão da democracia em todas as suas vertentes, económica, social e até política, e é um processo de integração realizado à custa da degradação das condições de vida dos trabalhadores e dos povos.
Há três anos foi esta a opção do PS, do PSD e do CDS, e hoje, passados três anos, continua a ser esta a vossa opção. Ao longo dos últimos anos, o CDS e o PSD, de mãos dadas com o PS, aderiram entusiasticamente a um conjunto de instrumentos, entre os quais avulta o tratado orçamental, que têm um único objetivo: garantir a perpetuação da política da troica, da política de exploração e de empobrecimento.
O Governo tentou, nos últimos dias, montar uma operação de propaganda em torno da saída limpa, tentando enganar os portugueses em plena campanha eleitoral, mas, Sr. Deputado, não há qualquer saída da política da troica, muito menos uma saída limpa, o que há é a continuação da mesmíssima política — a política da troica, a política de exploração e de empobrecimento. E se dúvidas houver, Sr. Deputado José Ribeiro e Castro, faça o favor de olhar para o Documento de Estratégia Orçamental, onde se anunciam mais roubos de salários e pensões, mais impostos e contribuições, menos serviços públicos.
E se ainda ficar com dúvidas ouça as palavras do Presidente da República, que disse que os sacrifícios para os portugueses deviam continuar até 2035.
Enquanto o Governo monta esta operação de manipulação, de mistificação sobre a saída limpa, o PS assobia para o lado, tentando esconder dos portugueses que, juntamente com o PSD e o CDS, defendeu e subscreveu o tratado orçamental destinado a perpetuar a política da troica. E o PS, o PSD e o CDS, os três partidos da troica interna, são os responsáveis pelo empobrecimento do País e dos portugueses e devem ser responsabilizados nas próximas eleições do dia 25 de maio.
Essas eleições, Sr. Deputado José Ribeiro e Castro, constituirão uma oportunidade para dizer basta: basta da falsa alternativa entre PS, PSD e CDS! Basta de política de empobrecimento! Basta de sacrifícios para a imensa maioria para benefício de uma ínfima minoria!

  • Regime Democrático e Assuntos Constitucionais
  • União Europeia
  • Assembleia da República
  • Intervenções