Em princípio apoiamos o alargamento da União Europeia desde que os povos dos países candidatos à adesão o desejem. Mas não podemos aceitar que se ponham em causa os interesses de Portugal.
Ora, no actual contexto do alargamento, há que sublinhar dois aspectos negativos das negociações: o tratamento discriminatório dos países candidatos, designadamente nas áreas financeira e agrícola, e as consequências do alargamento para Portugal. Sendo positivo o reforço de cerca de 500 milhões de euros por pressão do Parlamento Europeu, o montante é claramente insuficiente para caminhar no sentido da coesão económica e social
Assim, perspectiva-se, a médio prazo, a redução dos fundos estruturais e das ajudas agrícolas para Portugal, num cenário em que todos os estudos conhecidos afirmam que seremos o país que mais perde (e a Alemanha o que mais ganha), tendo em conta a nossa perificidade e a concorrência acrescida com países de mais baixos salários e trabalho mais qualificado. Os últimos dados da Comissão demonstram claramente que Portugal é o país com maiores fragilidades na estrutura produtiva e maiores carências sócio-económicas, pelo que poderá sofrer consequências muito negativas se não forem devidamente acautelados os seus interesses nas negociações sobre a adesão.
Daí o nosso voto de abstenção na generalidade e de voto favorável no caso especial de Chipre.