A chamada "ajuda humanitária" da UE tem um papel não desprezável no que se tem vindo a definir como a sua política externa. Frequentemente instrumentalizando genuínas necessidades de apoio e de cooperação a que importa responder, particularmente em situações de emergência, na prática visam-se objectivos de ordem bem diversa. As acções desenvolvidas e os métodos utilizados, que incluem a ingerência e a ocupação militar, procuram reproduzir e aprofundar formas de dominação política e económica, disputar mercados e recursos naturais dos países do Terceiro Mundo. No actual contexto de aprofundamento da crise do capitalismo, estas orientações não deixam de visar também a contenção das lutas dos povos por mais justiça e progresso social, assumindo expressões e formas diversas um pouco por todo o mundo.
Camufladas por um suposto interesse "humanitário", várias ONGs, empresas de logística e outras, são beneficiárias e cúmplices destas políticas, promovendo interesses próprios ou dos seus financiadores, sejam eles interesses públicos ou privados, de natureza política, de lucro, de natureza religiosa ou outros.
Somos por princípio favoráveis a expressões de solidariedade concreta para com os povos vítimas de qualquer tipo de catástrofe ou conflito. Mas elas têm que basear-se no interesse desses povos, no respeito pelo direito internacional, pela independência e soberania desses países.