A consideração das implicações de alterações climáticas na agricultura constitui uma preocupação pertinente. Como pertinente, inteiramente justificada e necessária é também a compatibilização da actividade agrícola com a preservação de um conjunto de valores naturais e culturais, como os solos, a paisagem e a biodiversidade.
Todavia, estas preocupações não nos devem fazer esquecer que a principal função da agricultura é a produção de alimentos, nem devem servir de pretexto para alterações da Política Agrícola Comum que agravem a preocupante e inaceitável dependência alimentar de vários países, da UE - como é o caso de Portugal - e não só, ameaçando a soberania e segurança alimentares dos povos, em nome de uma alegada intocável "posição concorrencial do sector dos produtos agro-alimentares da UE no mercado mundial".
Seria importante que este relatório dedicasse algumas linhas, poucas que fossem, à necessidade de romper com o modelo produtivista que tem enformado as sucessivas reformas da PAC e às suas nefastas consequências sociais e ambientais. Infelizmente, sobre isto, nem uma palavra.
Teria sido igualmente importante que evitasse alguma ambiguidade, numa altura em que nos confrontamos com tentativas de imposição dos interesses das multinacionais do agro-negócio por parte da Comissão Europeia, relativamente à disseminação de OGMs.