Não podemos deixar de denunciar a inaceitável manobra política -
protagonizada por sectores mais revanchistas representados no PE -, que
pretendeu utilizar um relatório sobre a "agricultura africana" para
criticar a legítima participação do Presidente da República do
Zimbabué, país membro de pleno direito da União Africana, na próxima
Cimeira UE-África. Uma manobra praticamente derrotada.
Quanto ao tema do relatório consideramos que este contém diversos
pontos positivos, como a denúncia de que o apoio à "dinamização da
agricultura africana", para "facilitar o comércio", seja assente,
exclusivamente, nos Acordos de Parceria Económica, o que consubstancia
uma chantagem que tem como objectivo a liberalização do comércio de
produtos agrícolas.
Promovendo a dependência da economia agrícola de muitos destes países
em relação à UE, procura-se amarrar estes países a um acordo que lhes
impõe um modelo agrícola de monocultura virado para a exportação,
resultando em óbvios e gravíssimos problemas económicos, sociais e
ambientais tanto para os povos de muitos países africanos como para os
povos dos países da UE.
Assim, consideramos que contribuir para a agricultura africana
significa apoiar solidariamente o desenvolvimento de um modelo agrícola
assente nas suas necessidades e especificidades próprias e na soberania
e segurança alimentares de cada país.