A prorrogação do mandato da ENISA e o reforço dos seus recursos em nome de uma suposta "elevação do nível de segurança das redes e da informação dentro da União Europeia" insere-se numa lógica de valorização da segurança o que, nem sempre, assegura devidamente o respeito pelos direitos, liberdades e garantias de todos os cidadãos. É preciso acautelar que, em nome de uma maior supervisão do ciberespaço, não se desenvolva uma ferramenta de opressão e repressão dos povos.
A Internet e as suas diversas ferramentas não são em si opressoras. A questão que se coloca é o contexto político e social em que o seu uso se insere.
Neste sentido, reveste-se de particular significado que a UE esteja a financiar programas de investigação das grandes multinacionais que dominam as tecnologias que permitem aos governos espiar os utentes da internet, enquanto cria ou desenvolve agências, como a ENISA, que pagarão o uso dessas mesmas tecnologias.
A Internet é reconhecida como um dos espaços públicos mais importantes do século XXI. Ora, todo o cuidado é pouco para evitar a apropriação desse espaço, criado pelo conhecimento humano, para servir políticas submissas ao poder económico, facilitar o seu uso privado em benefício de uns poucos, em detrimento do seu uso para progresso da imensa maioria.