Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Emídio Guerreiro,
A verdade é uma só: de contrato em contrato, de negócio em negócio, de renegociação em renegociação, os senhores lá vão pondo a mão por baixo aos grupos económicos e aos poderosos interesses do setor financeiro que vão navegando nestas águas.
O Sr. Deputado não estranhou que o País tenha sido bombardeado com tanta propaganda sobre as ditas renegociações? Tantos números que foram atirados para o ar, como V. Ex.ª ainda agora acabou de fazer, misturando valor atual líquido com pagamentos acumulados, com rendas pagas de um ano para o outro e nada se diz, como V. Ex.ª também nada diz, sobre as taxas internas de rendibilidade acionista, o lucro líquido que fica para os grupos económicos que, no essencial, se mantêm intocados!
Então, o senhor, o Governo, esta maioria, conseguem aqui a extraordinária proeza de pegar no que era mau e transformá-lo em algo ainda pior, uma espécie de «toque de Midas» para os grupos económicos, penalizando de forma inaceitável as populações, colocando portagens nas SCUT, acabando com as isenções para as populações que, ainda assim, estavam ao abrigo de um regime de isenção, de desconto, e que agora acaba por decisão do Governo?!
Os senhores fazem uma renegociação para uma PPP, como é o caso do IP8, em que deixam uma obra a meio, com problemas de segurança rodoviária, com ameaça à segurança de pessoas e bens, com taludes de terra não estabilizados, para ligar ao porto de Sines com uma velocidade máxima de 50 km/h?!
Colocando-se um problema de segurança para as casas que ali estão e para os postes de eletricidade, que podem cair?!
Fizemos esta semana uma visita ao terreno e aconselho vivamente o Sr. Deputado a ir observar aquilo que nós vimos, porque é inacreditável.
Subsiste a pergunta relativamente à manutenção que passa para o Estado: como é que os senhores tiveram essa ideia extraordinária ao descobrirem agora que, afinal, fica mais barato se for o Estado a fazer a gestão e a exploração diretas da manutenção das estradas — aquilo que andamos a dizer há décadas? Como é que se lembraram disto? É que nós sempre defendemos investimento público de qualidade, que se realizassem os investimentos e os projetos, infraestruturando o País e o desenvolvimento, mas não com este modelo de negócio ruinoso. O Sr. Deputado, tal como eu, ouviu, na Comissão de Inquérito que continua a funcionar, da parte da esmagadora maioria das pessoas que foram ouvidas, que entre PS, PSD e CDS-PP a diferença está essencialmente nos volumes de negócio e nas quantidades.
Em termos de opção estratégica, em relação às PPP, os governos…
Como dizia, em relação às PPP, os governos continuam com esta opção de fundo: favorecer, defender e salvaguardar os interesses dos grupos económicos por muito que isso custe às populações, por muito que isso custe ao interesse nacional. E, mais uma vez, é isso que está a acontecer!