As opções sobre o acordo são das organizações sociais, no entanto o PCP não pode deixar de vincar a sua posição sobre o que resulta do seu conteúdo para os trabalhadores e o País. Se retirarmos o aparato da apresentação e os enfeites e olharmos para aquilo que de facto resulta do acordo para quem trabalha, para os trabalhadores isto é mais do mesmo.
Mantêm-se as normas gravosas da legislação laboral, não há valorização dos salários, há empobrecimento, uma vez mais prolonga-se a perda de poder de compra, uma vez que o que é anunciado nem sequer compensa a inflação e basta ver que, com a inflação previsível, o que é apontado significa que em 2023 os trabalhadores ficam com menor poder de compra do que tinham em 2021.
O Salário Mínimo Nacional continua abaixo de níveis que permitam sobreviver em Portugal, e é mais uma promessa eleitoral do PS que não se verifica.
Mas não ficam todos mais pobres, para compensar estes aumentos insuficientes para os trabalhadores, as grandes empresas e grupos económicos obtêm benefícios para aumentar os lucros. Uma vez mais, o governo dá borlas a estes grupos e abdica de receita que faz falta à saúde, à educação, às pensões, tudo para não beliscar os lucros de quem mais tem. Portanto não se trata de redistribuição da riqueza, mantem-se acumulação dos que mais têm e o empobrecimento dos que trabalham.
Quando o que era e é preciso é recuperar e valorizar o poder de comprar dos trabalhadores, dos reformados, dos que mais precisam, incluindo a protecção e apoio às MPME’s.