Os acordos de facilitação da emissão são indissociáveis dos acordos de readmissão e parte de uma mesma política dita de "combate à imigração clandestina".
Sendo nós favoráveis à facilitação da emissão de vistos, a assinatura conjunta dos dois tipos de acordos acaba por ter um efeito perverso. Como temos vindo a denunciar, estes acordos funcionam como moeda de troca entre a UE e alguns países terceiros, para os quais o objectivo é conseguir uma maior facilitação de vistos (em geral para as suas elites económicas), dando em troca, de barato, a readmissão da maioria dos seus imigrantes, normalmente trabalhadores, que procuram trabalho e uma vida melhor em países da UE.
Trata-se, fundamentalmente, de um processo de expulsão de todos os trabalhadores e trabalhadoras que, aspirando a um trabalho e a uma vida melhores, imigram para um outro país, mas que se vêem confrontados com uma política criminalizadora, repressiva e desumana da UE que gere as entradas e saídas de imigrantes de acordo com os interesses de mão-de-obra de cada momento e da extorsão da maior mais-valia possível do seu trabalho. Ou seja, uma política em que os imigrantes, colocados na maior parte das vezes em situação de "ilegais", são sujeitos à mais vil exploração laboral e social, expostos às redes de exploração e tráfico de imigrantes, com o efeito perverso de pressionar ainda mais a redução dos salários e dos direitos laborais e sociais nos países da UE.
Trata-se da lógica da divisão internacional do trabalho em que a UE procura impor a países terceiros como a Arménia o papel de fornecedores de mão-de-obra barata.