Este podia ser um daqueles debates que aqui costumam fazer à quinta-feira, sobre casos de violação dos direitos humanos.
Aqueles debates em que a maioria deste Parlamento gosta de apontar o dedo a outros países sobre o que considera serem violações de direitos humanos.
Pois neste caso estamos perante uma chocante violação dos direitos humanos – mais concretamente do artigo 25º da respectiva Declaração Universal, relativo à saúde e à assistência médica.
Na União Europeia, em pleno século XXI, há governos – é o caso do português – que decidem atribuir um preço à vida humana. E que chegam à conclusão que um medicamento que pode salvar a vida a doentes com Hepatite C, por exemplo, é demasiado caro.
E portanto os doentes morrem, sem acesso a medicamentos que lhes podiam salvar a vida.
Isto não pode ocultar que, de facto, alguns medicamentos têm hoje preços escandalosos, fixados pelas multinacionais dos medicamentos – as mesmas para as quais a União Europeia continua a encaminhar milhões de recursos públicos, que podiam e deviam ser antes dirigidos ao desenvolvimento de capacidade de investigação e produção de medicamentos no sector público.
É preciso afrontar de uma vez por todas estes interesses. Mas para isso não podemos contar com aqueles que existem para os servir.
Toda e qualquer iniciativa que vise forçar as multinacionais da indústria farmacêutica a baixarem os preços dos medicamentos contarão com o nosso apoio.