Pergunta ao Governo N.º 315/XVI/1

Acesso aos apoios do IPDJ por parte das Associações de Estudantes do ensino secundário

Chegaram ao conhecimento do Grupo Parlamentar do PCP relatos da dificuldade de algumas Associações de Estudantes (AAEE) de escolas do Ensino Secundário em aceder aos apoios ao associativismo juvenil e estudantil, uma vez que lhes é negada a criação de contas bancárias das Associações, devido ao facto de os seus dirigentes serem menores de idade.

No site do IPDJ, é expresso que, por exemplo, o “Programa de Apoio Estudantil” tem como destinatários “Associações de estudantes do ensino básico, secundário e superior, e suas federações”. Ora, é necessário garantir medidas para não deixar de fora do acesso a estes apoios uma grande maioria de AAEE que, no ensino secundário, por razões óbvias e que lhes são intrínsecas, têm dirigentes menores de idade.

É necessário encontrar uma solução para este problema. Seja através da articulação entre o IPDJ e uma ou várias instituições bancárias (nomeadamente com o banco público, a CGD) por forma a encontrar uma solução que permita a abertura de contas bancárias de AAEE cujos dirigentes sejam menores de idade; seja através de outra solução que não condicione o acesso a estes apoios à existência de uma conta bancária, encontrando formas de garantir a transparência no uso destes fundos. Caso contrário, é escusado fingir que existem apoios para AAEE do Ensino Secundário, quando, na verdade, estas estão excluídas, pelas suas próprias características, desses mecanismos de apoio.

Recorda-se, a este propósito, que a Constituição consagra, no Art.º 70.º, que “os jovens gozam de proteção especial para efetivação dos seus direitos económicos, sociais e culturais”, sendo referido expressamente o papel das associações nesse objetivo, bem como, no Art.º 77.º, na participação democrática no ensino.

O movimento associativo estudantil do ensino secundário tem sido, ao longo de décadas, uma importante “escola” de valores democráticos, de participação cívica dos jovens, de autonomia e organização dos estudantes e de reivindicação em defesa da Escola Pública, pelo que deve ser apoiado, sem quaisquer entraves burocráticos.

Assim, ao abrigo da alínea d) do artigo 156.º da Constituição da República Portuguesa, e nos termos e para os efeitos do artigo 229.º do Regimento da Assembleia da República, o Grupo Parlamentar do PCP solicita ao Governo, por intermédio do Ministério da Juventude e da Modernização, os seguintes esclarecimentos:

1 - Quantas Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico obtiveram apoios por parte do IPDJ nos anos de 2023 e 2024, designadamente no âmbito do “Programa de Apoio Estudantil”?

2 - No mesmo período, quantas Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico iniciaram procedimentos no sentido de obter apoios junto do IPDJ, mas não tiveram acesso ao apoio devido à inexistência de conta bancária?

3 – Tenciona o Governo resolver esta situação? Que medidas serão tomadas para garantir que as AAEE não são excluídas do acesso a estes apoios devido a características que lhes são intrínsecas?

4 – Quando prevê o Governo que esta situação seja definitivamente resolvida?

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