Camaradas
Realizamos este encontro num momento particularmente inquietante da história recente do nosso país.
Um país arrastado para uma situação sem precedentes de declínio económico, retrocesso social e dependência, resultado e consequência directa de 37 anos de política de direita, determinada pelos interesses do grande capital e subordinada à integração capitalista na União Europeia.
Hoje, como nunca antes, a luta pela ruptura com a política de direita é a mais urgente e patriótica tarefa e objectivo que se coloca aos trabalhadores, ao povo, a todos os democratas e patriotas que querem assegurar para Portugal um futuro enquanto nação soberana e independente.
Essa inadiável ruptura que abra uma janela de esperança, capaz de mobilizar energias e de afirmar uma corrente de exigência de uma nova política, uma política patriótica e de de esquerda, que assegure um futuro e uma vida melhor.
Este Encontro Nacional assume no actual quadro uma importância redobrada.
Um Encontro que, não sendo ponto de partida de uma intervenção há muito iniciada, é sem dúvida um momento para proceder a uma avaliação integrada das múltiplas tarefas e batalhas políticas que temos no horizonte e para definir as tarefas e linhas de intervenção política que hão-de confluir nesse mesmo objectivo que é o da ruptura com a política de direita e a construção de uma alternativa política, patriótica e de esquerda.
Um Encontro que deve contribuir para articular e projectar a actividade política de todas as organizações e militantes capaz de assegurar o desenvolvimento e a ampliação da luta de massas, impor a demissão do governo e a convocação de eleições antecipadas, preparar as eleições para o Parlamento Europeu, avançar na acção de reforço do Partido.
Uma intervenção que é, em si mesma, condição indispensável para afirmar a política patriótica e de esquerda que desamarre o país do rumo de dependência e retrocesso e afirme uma política determinada pelos valores de Abril, tão mais actuais quanto este ano se assinalam os 40 anos da Revolução.
Um Encontro onde está presente, bem viva, a convicção dos factores essenciais e determinantes para a construção do caminho para dar corpo à alternativa política – reforço do partido, expressão da luta dos trabalhadores e do povo, ampliação da acção e convergência de patriotas e democratas.
Mas também um Encontro onde marca presença na consciência de todos que a ampliação da influência eleitoral da CDU nas próximas eleições para o Parlamento Europeu é um elemento da maior importância para alargar a corrente de confiança de que sim é possível, pela acção, pela vontade e pela opção dos trabalhadores e do povo, abrir o caminho de progresso e dignidade a que têm direito.
Concentração de energias, tensão das forças e meios partidários, apurado sentido de direcção para a articulação das múltiplas tarefas e respostas que a acção eleitoral e a acção geral do Partido reclama, resposta pronta e oportuna aos desenvolvimentos políticos, económicos e sociais – eis, em breves palavras, o que se exige da intervenção política deste grande colectivo partidário.
A dimensão da crise económica e social, a degradação das condições de vida da generalidade da população, o aumento da exploração e das injustiças sociais, acompanhadas pela ofensiva política e ideológica para promover sentimentos de fatalismo e resignação, exigem mais que nunca a promoção do esclarecimento, da mobilização e da luta como factor essencial para afirmar o protesto e a exigência de mudança, com expressão na participação política e no voto.
As eleições para o Parlamento Europeu têm sem dúvida uma dimensão especifica.
Mas aos que se apressam a apresentar as eleições de 25 de Maio isoladas daquilo que é a situação concreta do país – queremos lembrar, e não deixaremos que ninguém o esqueça – que o País cá está, com milhões de portugueses a conviver com os dramáticos problemas que condicionam o futuro das suas vidas e comprometem o desenvolvimento e soberania nacionais.
Aos que se propõem utilizar estas eleições para esconder os problemas económicos e sociais do País e para iludir a natureza de classe da política do governo e as suas consequências – queremos lembrar, e não deixaremos que ninguém o esqueça – que estas eleições são uma oportunidade para condenar os que conduziram o país e a vida dos trabalhadores e do povo ao abismo económico e social que inferniza as suas vidas e compromete o futuro da soberania nacional.
Aos que aprestam a refugiar-se na retórica europeísta para vender de novo a terra prometida – queremos lembrar, e não deixaremos que ninguém o esqueça – que são exactamente esses mesmos promotores da política de direita (PS, PSD e CDS) que atrelaram o País a todas e a cada uma das decisões da União Europeia que atiraram Portugal para a dependência, para o retrocesso e o declínio económico e social.
Camaradas
Vamos ser chamados a construir uma campanha que seja simultaneamente de mobilização para o voto e de esclarecimento sobre a necessidade do reforço da CDU.
Vamos construi-la ancorados no património de intervenção do Partido, no percurso de intransigente defesa dos interesses do povo e do País, identificando as razões e importância do voto na CDU, da sua contribuição para a luta mais geral em defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo, da exigência de uma outra política.
Vamos construi-la com a razão e a autoridade singulares de quem pode apresentar-se aos olhos do povo português com a coerência das suas posições, a que a vida deu e dá razão.
A vida deu-nos e dá razão quando há mais de trinta anos denunciámos a integração na CEE ditada não por razões de dimensão económica mas sim enquanto operação política integrada na justificação e apoio ao processo contra-revolucionário.
A vida deu-nos e dá razão quando alertámos para as ruinosas consequências para a economia e produção nacionais que resultariam do então chamado mercado comum.
A vida deu-nos e dá razão quando, contra a corrente e a ilusão dos milhões de euros de fundos comunitários então apresentados, evidenciámos que não só não trariam a coesão económica e social prometidas, mas sim mais dependência, mais desigualdades e assimetrias.
A vida deu-nos e dá razão quando há mais mais de década e meia denunciámos o que a criação da União Económica e monetária e adesão ao Euro significariam de liquidação de uma política monetária e cambial enquanto instrumento crucial para o desenvolvimento soberano.
A vida deu-nos e dá razão quando há três anos, perante o cínico e falso clamor da bancarrota agitado por PS, PSD e CDS, denunciámos que o Pacto de Agressão era apenas o pretexto para o aumento da exploração e para destruição de direitos, um instrumento de afundamento do país e de empobrecimento do povo português.
A vida deu-nos e dá razão quando, há três anos, antes de quaisquer outros e enfrentando incompreensões, colocámos a renegociação da dívida como o único e indispensável caminho para evitar o rumo de afundamento e declínio que hoje temos confirmado.
Com inteira razão podemos apresentar-nos com a força da verdade contra as novas mentiras dos dias de hoje e as que já ensaiam para o amanhã.
A força da verdade sobre o que resultaria do processo de integração capitalista europeu contra a mentira dos que nos prometiam um lugar no “pelotão da frente”.
A força da verdade quanto aos verdadeiros objectivos da integração na União Europeia e do seu projecto de espoliação dos recursos e soberania nacionais, contra a mentira dos que vendiam a tese da “Europa connosco”.
A força da verdade de quem denunciava as consequências para o País da crise estrutural do capitalismo, contra a mentira dos que como, em 2009, o ex-primeiro-ministro e o cabeça da lista do PS ao PE proclamavam e cito “ é a Europa nos protege da crise”.
A força da verdade de quem salienta que perante a sua natureza de classe a União Europeia é irreformável, contra a mentira dos que vendem a patranha da sua democratização e de um suposto federalismo de esquerda.
Não faltarão os que temendo o julgamento popular pelo que de mal tem feito ao país e aos portugueses e que temendo, com razão, o reconhecimento de milhares de portugueses pela intervenção e assumida coerência do Partido e da CDU, procurarão semear a confusão para desmobilizar ou dificultar o voto que mais temem, o voto na CDU.
Aos que atingidos pela campanha de mentira se interrogam, perante a critica e denúncia que fazemos sobre a integração europeia, se vale a pena votar em quem está contra essa integração, dizemos com toda a clareza: sim, não só vale a pena votarem na CDU, como o voto na CDU é o único que pode assegurar a presença de deputados no PE comprometidos com os interesses nacionais e a defesa dos trabalhadores e do povo.
Aos atingidos pela campanha de mentira que procura confundir a dimensão de afirmação patriótica do PCP e da CDU com atitudes isolacionistas e coincidentes com nacionalismos de direita, dizemos sem hesitação: o voto na CDU é o único voto que concilia com coerência a defesa do País com a indispensável cooperação e a acção convergente com os trabalhadores e os povos de outros países na luta por uma Europa de paz, cooperação e progresso.
O voto que assegura pela luta contra a exploração e a pobreza as condições que a política de direita, essa sim, cria para o fomento da extrema-direita e das organizações fascizantes.
Aos que atingidos pela campanha de mentira, são tocados pela mistificatória acusação sempre dirigida contra o PCP quanto às suas responsabilidades por aquilo que apresentam como “uma direita unida e uma esquerda dividida”, lhes dizemos: como a vida comprova é a política de direita que une, quer na política nacional quer nas instituições europeias, PS, PSD e CDS e que o voto que conta para dar força a uma convergência de esquerda é o voto na CDU, o voto na candidatura patriótica e de esquerda indispensável à defesa dos direitos do povo português e dos interesses nacionais.
A candidatura verdadeiramente patriótica e de esquerda, que não se refugia nas questões europeias para esconder a promoção ou a conivência com a política de desastre que cá se faz;
A candidatura verdadeiramente patriótica e de esquerda que não separa o combate no Parlamento Europeu para fazer afirmar os direitos nacionais com o que no nosso País se exige fazer para romper com política de direita;
A candidatura verdadeiramente patriótica e de esquerda que defende nas instituições nacionais e no PE, a nossa produção, a nossa agricultura e as pescas, os serviços públicos, o nivelamento por cima dos direitos dos trabalhadores e da protecção social, ao contrário de outros que dizem cá o inverso do que fazem na UE.
A candidatura verdadeiramente patriótica e de esquerda que assume, sem rodeios, que não é possível defender sólida e coerentemente os interesses nacionais sem mudar de política em Portugal.
A candidatura verdadeiramente patriótica e de esquerda que, convictamente, sabe não haver defesa da soberania e independência nacionais com o aprofundamento do federalismo.
A candidatura que vencendo a barragem ideológica sobre uma alegada “saída limpa” do Programa de Agressão que sufoca o País, sabe e afirma que não só não há saída limpa no quadro do lamaçal que a integração capitalista representa, como denúncia, com clareza, a manobra para fazer perpetuar pelos instrumento de dominação económica e política da União Europeia o saque, a exploração e dependência.
Camaradas,
Está nas nossas mãos, na nossa acção colectiva e individual dar corpo a uma campanha assente no contacto directo e no convencimento pessoa a pessoa, no esclarecimento que mobilize vontades e agregue em torno da CDU uma corrente de esperança e confiança na construção de uma nova política e de uma vida melhor.
Uma campanha que faça convergir para o voto na CDU todos quantos lutaram e lutam por melhores salários e emprego com direitos; todos quantos ao nosso lado estiveram e estão na defesa do serviço público ou do acesso à saúde; todos quantos reconhecem na CDU o trabalho, a honestidade e competência que é garantia de uma comprometida defesa com os seus interesses; todos quantos identificam na CDU o espaço de participação unitária e convergência democrática indispensável a uma outra política.
Vamos construir uma intensa campanha de mobilização para o voto na CDU.
O voto que conta para a derrota do governo e a ruptura com a política de direita.
O voto que dá razão e expressão a todos quantos querem condenar a política de saque do governo PSD/CDS.
o voto que projecta com coerência o caudal de luta e de protesto em defesa dos direitos, do emprego, dos salários, das reformas, da protecção social.
o voto que assegura no Parlamento Europeu a voz e acção indispensáveis para combater todas as decisões que prejudicam Portugal e aproveitar em benefício do nosso País todas as possibilidades e instrumentos.
O voto que pesa verdadeiramente para dar força a uma alternativa política, patriótica e de esquerda.
Uma campanha que exige de todos e de cada um empenhamento, disponibilidade e convicção na construção de um resultado que se projecte para lá das eleições para o Parlamento Europeu e se incorpore nas muitas e decisivas batalhas políticas que temos por diante.
Uma campanha que exige a mobilização de todas as organizações e militantes e que tem na acção de contacto com os membros do Partido a iniciar na próxima semana um momento para o seu envolvimento.
Uma campanha que exige a mobilização e envolvimento de todos os activistas da CDU – a começar pelos milhares de independentes que com connosco travaram a batalha de Setembro passado – para darem agora sequência no plano nacional ao reforço construído no plano local.
Uma campanha que exige a participação e empenhamento de todos os comunistas eleitos, activistas sindicais e dirigentes de outras organizações de massas para associar e prolongar o seu trabalho e intervenção em defesa das aspirações dos trabalhadores e do povo com essa condição maior que o reforço da CDU representará.
Com consciência das responsabilidades acrescidas pela crescente confiança do nosso povo na acção do PCP e da CDU, com a confiança de quem sabe que reside nos trabalhadores e no povo a força para tomarem em suas mãos o futuro, construiremos em 25 de Maio próximo um resultado traduzido no reforço da CDU, designadamente da sua votação e do número de deputados no Parlamento Europeu.
Reforço da CDU que constituirá um contributo mais e importante para derrotar a política de direita, dar força a uma política e a um governo patrióticos e de esquerda, em si mesmo condição para defender os interesses de Portugal e a sua soberania, projectar e afirmar os valores de Abril e as suas conquistas.
Com Abril,
Viva a CDU,
Viva o PCP