Intervenção de Francisco Araújo, membro da Organização Regional de Viana do Castelo, XXII Congresso do PCP

O trabalho junto da classe operária e dos trabalhadores em Viana do Castelo

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Entre 27 e 30 de Abril deste ano, os trabalhadores da DS Smith Paper Viana entraram em greve. Durante 4 dias, a produção parou e nenhum camião carregou. A unidade dos trabalhadores derrotou as tentativas da administração de quebrar o piquete com a chamada da GNR ou a substituição de grevistas. Ali, 4 dias são 1200 toneladas de papel que, provado ficou, não se produzem sozinhas.

Quem o percebeu foi a administração da empresa que não quis esperar pela nova greve de 4 dias agendada para meados de Maio. Na DS Smith, os trabalhadores venceram. E, vencendo, garantiram aumentos salariais mínimos de 110€ e a redução do horário de trabalho para as 37 horas e meia semanais.

Entre tantos outros, é o exemplo vivo de toda a força dos trabalhadores, garantida pela sua própria condição. Força que organizada é capaz de tudo e desorganizada de muito pouco.

No distrito de Viana do Castelo, a DS Smith não é a regra e ainda há muito por organizar. Temos hoje uma região significativamente industrializada, com a fixação de grandes unidades fabris nos diferentes concelhos, onde a organização do Partido ainda não é capaz de responder às exigências.

Não nos limitamos a constatá-lo. Procuramos na Organização Regional os caminhos para superar dificuldades: objectivas e subjectivas. Identificámos amigos e membros do Partido, mais ou menos activos, em empresas e sectores prioritários; procurámos regularizar reuniões e plenários de trabalhadores e activistas sindicais, identificando as células e organismos a partir de sector de actividade a criar; constituímos por exemplo a célula dos professores. Desde o último Congresso, conseguimos ainda criar a célula do Partido na ZF, empresa prioritária em Ponte de Lima, mas a saída de camaradas da empresa, dificultou a tarefa de a consolidar.

Tem sido um trabalho com avanços e recuos, mas sempre incompleto e sempre urgente porque somos o Partido que somos: que precisa dos trabalhadores como os trabalhadores precisam do Partido. Que o digam as centenas de trabalhadores da Coindu, em Arcos de Valdevez, ou da Cablerias, em Valença, com os postos de trabalho em risco porque grandes multinacionais do sector automóvel, depois de décadas de isenções, subsídios e apoios públicos, encontraram países onde a força de trabalho é ainda mais barata.

Muito se tem dito sobre a crise importada das alemanhas. Nas entrelinhas revelam o que já sabemos: no capitalismo, crise pagam-na os trabalhadores, para o capital comiseração e todas as salvaguardas.

Camaradas,

A acção nacional em curso tem permitido reforçar este nosso trabalho. Entendemos que a presença do Partido nas empresas e locais de trabalho do distrito não se pode resumir ao papel entregue à porta por vezes sem qualquer palavra trocada.

As trabalhadoras de uma empresa do sector têxtil, onde não há nenhum membro do Partido, que agarraram na folha e, fábrica adentro, a encheram de assinaturas; ou a camarada que trabalha numa bomba de gasolina, em Ponte da Barca, e antes de perguntar pelo contribuinte lembra a cada um do abaixo-assinado do PCP pelo aumento dos salários e pensões, mostram que não pode nem tem de ser assim.

“Ao teu lado todos os dias” deve ser isso mesmo: um Partido com que os trabalhadores e o povo se confrontem e se identifiquem a toda hora por muito que as televisões não queiram.

É certamente mais fácil dizê-lo daqui do que fazê-lo lá. Dito que está, vamos ao trabalho para o cumprir.

Viva a JCP!
Viva o PCP!

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