Intervenção de Ana Cristina Pejapes, membro da Organização Regional de Leiria, XXII Congresso do PCP

Sobre a experiência da acção nacional «Aumentar salários e pensões. Para uma vida melhor» na empresa conserveira ESIP em Peniche

Ver vídeo

''

Camaradas,

Venho de Peniche, sou operária conserveira na ESIP, a maior empresa do sector no país. Aqui no congresso somos duas delegadas de lá, eu e a Mariana.

Certamente que o meu trabalho e o das minhas companheiras – somos na esmagadora maioria mulheres -, algumas vezes vos acompanha à mesa numa refeição com sardinhas, cavalas ou outros peixes de conserva. Se vos dá gosto comer quer dizer que o nosso trabalho é bom e vale a pena, temos a certeza que sim, e isso orgulha-nos.

Somos cerca de 800 a trabalhar por turnos, muitas há anos sucessivos com vínculo a empresas de trabalho temporário. Ainda agora obtivemos uma grande vitória com a integração de 60 companheiras na ESIP e a administração já admitiu que no início do ano fará contrato com outras tantas. A luta vale a pena.

Trabalho na ESIP há 34 anos, 40 horas por semana. Trabalho ao ritmo que as máquinas mandam, estou sujeita a temperaturas elevadas e a humidade e a condensação é tanta que, por vezes, parece que no chove em cima.

Camaradas,

somos todas corridas a 820€ por mês, o Salário Mínimo Nacional. Ao fim de 34 anos de trabalho, outras há mais do que isso, recebemos o salário mínimo nacional.

Há dias ficámos a saber que o director em 2023 recebia – fora alcavalas-, 15 salários e meio por cada um dos nossos. Recebe mais de 13 mil euros por mês. Temos de trabalhar quase ano e meio para levar para casa o que o sr. Director leva num mês.

É esta empresa que têm recusado negociar o contrato colectivo de trabalho e quer impor alterações ao horário de trabalho em troca do justo aumento de salário.

É esta mesma empresa que não investe nas condições de trabalho.

É esta mesma empresa que, conhecendo a reivindicação do SINTAB para que os trabalhadores do sector das conservas tenham direito ao gozo do dia 15 de Novembro - Dia Nacional das Conservas -, este ano afixou um papel dizer que podíamos tirar uma hora. Entre nós sentimos isso como uma ofensa.

Bom, camaradas, eu vim aqui para dizer duas coisas.

A primeira, é que lá na empresa há organização sindical, eu soudirigentes do SINTAB, sindicato de classe da CGTP-IN, com os trabalhadores discutimos e organizamos a luta. No próximo dia 20 vamos para a greve, por melhores salários, pela defesa da contratação colectiva, por melhores condições de trabalho. Vamos prosseguir a luta porque é esse o caminho.

A segunda, é que dentro da empresa, e lá à porta, já recolhemos 334 assinaturas de apoio à iniciativa do Partido por melhores salários e pensões. Ali com a Mariana até faziam fila para assinar, tivemos pena de não tirar uma fotografia que ficava bem no Avante!.

Lá na fábrica bem sabemos o que significaria se a proposta do Partido de aumento do salário mínimo nacional para mil euros já em janeiro fosse aprovada. Para nós era bem bom e, ainda assim, o senhor director ficava a ganhar 13 salários dos nossos.

Eles que não digam que não podem que é mentira. Digam a verdade, não querem. Não querem, mas os trabalhadores com o seu Partido vão à luta e havemos de os ir buscar.

Viva o XXII Congresso!
Viva o PCP!

  • XXII Congresso