Camaradas:
Vivemos tempos de grande instabilidade e incerteza. A situação internacional sofreu um substancial agravamento. A escalada de confrontação e guerra do imperialismo alastra por todo o Mundo. As tensões internacionais elevam-se a patamares perigosíssimos e são crescentes as ameaças de um conflito mundial de catastróficas proporções.
E a pergunta é óbvia: como se chegou aqui?
A resposta reside na natureza e funcionamento do sistema dominante – o capitalismo – que evidencia, em cada dia que passa, ser o cerne dos problemas da Humanidade, revelando de forma violenta a sua natureza exploradora, opressora, agressiva e predadora.
Os desenvolvimentos da situação internacional nos planos económico, social, político, demográfico, ambiental e cultural confirmam, a par com a aposta na guerra e na confrontação, as insanáveis contradições do capitalismo e os seus limites históricos, e evidenciam uma crise estrutural que se expressa nos mais variados planos.
O capitalismo é cada vez mais um sistema caduco, retrógrado, desumano, violento e antidemocrático. Não só se revela incapaz de dar resposta a problemas, necessidades e direitos básicos dos trabalhadores e dos povos, como gera esses mesmos problemas, aprofunda desigualdades e injustiças e empurra a Humanidade para uma situação que pode pôr em causa a sua própria existência.
O capitalismo nada tem de moderno, civilizado ou democrático.
Não é moderno um sistema que atira para o desemprego centenas de milhões de trabalhadores, ou mesmo para condições de autêntica escravidão.
Não é democrático um sistema em que 30 multimilionários possuem uma riqueza equivalente à de quase 4 mil milhões de pessoas.
Não é civilizado um sistema que condena à fome 800 milhões de pessoas ao mesmo tempo que se gasta por ano biliões de euros em armamento e em que rpersonagens, como Mark Rutte, Secretário-Geral da NATO,, afirmam impunemente querer desviar recursos da saúde e pensões para a indústria da morte.
Não é modereno um sistema que força a deslocação ou empurra para a condição de refugiados dezenas de milhões de pessoas.
Não camaradas, o capitalismo nada tem de modernidade nem de futuro, tem tudo de anacrónico e de regressão.
Isso é evidente quando os notáveis avanços da ciência e da técnica que encerram enormes potencialidades são apropriados para intensificar a exploração, a concentração de capital e o ataque a liberdades e direitos fundamentais.
É evidente quando o capitalismo, o principal responsável pelo agravamento dos problemas ambientais, os utiliza para reinventar estratégias de lucro com decisões e manipulações que nada têm de ecológico, antes acentuam a contradição entre o modo de produção capitalista e a necessidade da preservação do ambiente e dos recursos.
E é ainda evidente quando nas principais potências imperialistas a situação económica e social se degrada, se assiste a um rápido descrédito do sistema político liberal burguês, à regressão cultural, ao alastramento do obscurantismo, do racismo e xenofobia, à crescente repressão e ao crescimento dos projectos e forças reaccionárias e fascistas.
É por isso que acontecimentos como a eleição de Trump ou de outras sinistras figuras não são erros de percurso. São o próprio percurso do sistema!
A verdade é que o sistema dominante vive em crise, revelando inclusive sérias dificuldades em relançar ciclos de acumulação e em manter o domínio imperialista sobre as cadeias de produção, valor e abastecimento.
Essa é uma realidade bem patente no processo de rearrumação de forças mundial que está em curso.
Um processo complexo que não permite simplificações anti-dialéticas: seja as que o reduzem a uma mera competição inter-imperialista, seja as que ignoram a natureza de classe dos sistemas socioeconómicos e políticos dos países envolvidos.
Mas um processo que está objectivamente a retirar campo de manobra às principais potências imperialistas e a abrir perspectivas de alterações nas relações económicas, comerciais e geopolíticas – nomeadamente com os avanços económicos, sociais e tecnológicos da China, a sua afirmação no plano internacional e o seu objectivo de construção do socialismo.
Camaradas,
O processo histórico atravessa tempos conturbados. A inquietação das classes dominantes e das principais potências imperialistas, a sua insegurança face às alterações em curso e à contestação dos trabalhadores e dos povos é o que está na origem da violentíssima ofensiva imperialista que está a ser desencadeada.
O capitalismo age como uma besta ferida e não conhece limites nessa sua ofensiva e reacção à mudança.
Aí está o avanço do fascismo, a propaganda de guerra e a imposição da corrida aos armamentos.
Aí está o ataque aberto à democracia, à soberania dos Estados e à Carta das Nações Unidas.
Aí está a mentira institucionalizada e a manipulação ideológica à escala de massas por via da comunicação social ou das redes sociais.
E aí estão, dia após dia, os conflitos militares que materializam uma estratégia de confrontação e guerra imperialista, que se estende a todo o mundo, da América Latina ao Leste da Europa, da África ao Médio Oriente, do Ártico ao Extremo-Oriente onde prosseguem as provocações à China.
Uma estratégia que não conhece limites e que tem como alvos todos os que esbocem a mínima resistência à chamada “nova ordem mundial com regras” do imperialismo.
Servem-se de tudo e já nem sequer se preocupam em disfarçar a sua hipocrisia, o seu cinismo e os seus crimes. Vale tudo: Desde sucessivas tentativas de golpes de estado, sempre que a democracia não lhes dá os resultados necessários, até ao fomento da guerra e do terrorismo, passando pela apologia aberta do militarismo e do ódio, e pela guerra económica que os povos estão a pagar.
Já não se preocupam em esconder que querem alimentar até ao limite a guerra na Ucrânia mesmo que isso signifique pôr o mundo a beira de uma guerra nuclear.
Cai-lhes todos os dias a máscara quando dão cobertura ao genocídio na Palestina e apoiam o regime fascista de Netanyahu.
Batem com a mão no peito com o direito internacional, para logo a seguir darem e venderem as suas armas aos mais sanguinários e fundamentalistas bandos de terroristas, agora recauchutados como libertadores na Síria.
Não camaradas, se esperavam que nos calássemos perante tão enormes crimes e mentiras enganam-se. Aqui neste Partido, não há lugar ao medo. Há verdade e coragem para dizer que são eles os criminosos, que são eles que não respeitam soberania, os princípios e a democracia e que são eles os que espezinham o valor da vida humana.
Aqui dizemos para quem quiser ouvir: a guerra e o fascismo são filhos do imperialismo!
É dessa forma que tentam agora, como tentaram no passado, manter o seu poder e é dessa forma que tentam retirar da perspectiva dos povos a necessidade e a possibilidade da superação do capitalismo.
Querem que acreditemos na ideia de um imperialismo todo o poderoso que arrasa toda e qualquer resistência? Pois enganam-se!
Os tempos podem ser difíceis e complexos. Mas existem reais potencialidades para o desenvolvimento da luta por transformações progressistas e revolucionárias.
É que, camaradas, a ofensiva deles não é um sinal de força e vigor do imperialismo. Pelo contrário, é sinal da sua fraqueza, da sua insegurança e decadência e do estreitamento da base social de apoio do capitalismo.
Eles sabem, como nós sabemos, que isto não são favas contadas e que das mais diversas formas, em todos os continentes, adquirindo inúmeras expressões, a luta de classes aí está mais viva que nunca.
Por todo o Mundo os povos resistem e lutam, e são capazes de impor derrotas ao imperialismo.
E eles sabem mais. Sabem que por mais mentiras, violência e calúnias que lancem, os comunistas portugueses, assim como os outros muitos milhões de seres humanos que por esse mundo fora lutam pelo projecto da sociedade nova, nunca baixarão as bandeiras da paz, da cooperação e do progresso, e nunca, mas nunca, deixarão de estar ao lado dos povos que resistem e lutam, como o povo de Cuba, ou o povo da Palestina.
A eles dizemos: podem contar com a coragem, a verdade e a determinação do Partido Comunista Portugês.
É certo que o processo histórico da luta emancipadora é irregular, feito de avanços e recuos. Mas também é certo que a História não para, que o mundo muda todos os dias, que o capitalismo nunca foi, não é, e não será, o fim da História, e que é a luta dos povos que constrói e construirá um futuro melhor para a Humanidade. E é daí que vem a força deste PCP!
A verdade, camaradas, corajosa, como corajoso é este nosso Partido, é que esse futuro, o futuro dos povos, pertence ao Socialismo!
Viva a Luta dos Trabalhadores e dos Povos!
Viva o XXII Congresso!
Viva a JCP!
Viva o Partido Comunista Português!