Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

20º Aniversário do Mercado Único

O "mercado único" serve para recorrentes actos de propaganda, em torno da sua suposta contribuição para o emprego, o crescimento e, pasme-se, a coesão económica e social.

Só a realidade, teimosa que é, insiste em contrariar esta mirífica visão.

A verdade é que o mercado único caminhou a par da debilitação dos países economicamente mais vulneráveis, da destruição de capacidade produtiva e do aumento da sua dependência externa.

Estes vinte anos significaram a prevalência do negócio sobre o interesse público.

O mercado avançou sobre quase todas as esferas da vida económica e social, sobre os serviços públicos, com as liberalizações e as privatizações, gerando desigualdades, exclusão e pobreza.

O mercado único vem abrindo caminho à concentração monopolista em diversos sectores de actividade (veja-se o exemplo dos transportes).

Quanto à "livre" circulação de pessoas neste mercado único, é hoje bem visível que ela serve não a harmonização no progresso mas, pelo contrário, o nivelamento por baixo das condições de vida e de trabalho na Europa.

Eis pois o balanço destes vinte anos que a realidade nos impõe.

  • União Europeia
  • Intervenções
  • Parlamento Europeu