O "mercado único" serve para recorrentes actos de propaganda, em torno da sua suposta contribuição para o emprego, o crescimento e, pasme-se, a coesão económica e social.
Só a realidade, teimosa que é, insiste em contrariar esta mirífica visão.
A verdade é que o mercado único caminhou a par da debilitação dos países economicamente mais vulneráveis, da destruição de capacidade produtiva e do aumento da sua dependência externa.
Estes vinte anos significaram a prevalência do negócio sobre o interesse público.
O mercado avançou sobre quase todas as esferas da vida económica e social, sobre os serviços públicos, com as liberalizações e as privatizações, gerando desigualdades, exclusão e pobreza.
O mercado único vem abrindo caminho à concentração monopolista em diversos sectores de actividade (veja-se o exemplo dos transportes).
Quanto à "livre" circulação de pessoas neste mercado único, é hoje bem visível que ela serve não a harmonização no progresso mas, pelo contrário, o nivelamento por baixo das condições de vida e de trabalho na Europa.
Eis pois o balanço destes vinte anos que a realidade nos impõe.