Camaradas,
É uma honra para mim dar-vos as boas-vindas a esta 18ªAssembleia da Federação Mundial das Juventudes Democráticas. Até chegar aqui percorremos um longo caminho, não só fisicamente, mas particularmente político, para assegurar que criávamos todas as condições para ter uma Assembleia de sucesso mais uma vez.
Fizemo-lo como sempre o fazemos. De uma forma colectiva, aberta e democrática, para garantir a plena participação de todas as organizações, independentemente da sua região ou país de origem. Foi há mais de um ano e meio atrás que, na Reunião do Conselho Geral no Líbano que, paralelamente à decisão organizar o Festival na África do Sul, decidimos que a Assembleia se iria realizar no último trimestre de 2011.
Em seguida, em Março deste ano, no Conselho Geral realizado no Brasil, decidimos colectivamente praticamente tudo sobre esta Assembleia. O slogan, a data, a organização e país anfitriões e as resoluções a serem propostas à Assembleia foram tudo produto de um processo colectivo, e não da cabeça de uma ou duas pessoas sentadas num escritório em Budapeste.
Desde Março até agora, a Assembleia tem sido divulgada por todo o mundo, permitindo a milhões de pessoas terem tido conhecimento da sua realização. Além disso, em todas as regiões houve uma ou duas reuniões regionais para mobilizar, divulgar e preparar a Assembleia. Estivemos na Áustria, em Cuba, no Egipto, em Angola, no Vietname, na Alemanha e em Moçambique, reunidos para analisar todos os aspectos necessários.
Finalmente, é importante referir que foi neste contexto que foi organizada uma brigada à Palestina, juntamente com o Conselho Mundial da Paz. Esta brigada, que foi a maior delegação da FMJD dos últimos 6 anos, provou que preparamos a Assembleia não é sentarmo-nos em frente a um computador num escritório, mas exactamente o contrário: é trazer a solidariedade e a luta para as ruas, onde podemos encarar, cara a cara, as injustiças e os ataques do imperialismo.
Camaradas,
Esta Assembleia realize-se num período em que a juventude se vê confrontada com as maiores ameaças das passadas décadas. A todos os níveis, a ordem mundial imperialista confronta os jovens, e os povos em geral. Direitos estão a ser destruídos; activistas e organizações são perseguidos; a pobreza, a fome, o desemprego e a iliteracia crescem sem precedentes; a SIDA e outras doenças continuam a matar milhares de pessoas por todo o mundo.
Existem algumas excepções a esta situação, mas o imperialismo não convive bem com elas, tendo começado com a Revolução Cubana, tenta sufocá-las, provocá-las e difamá-las. Porquê? Porque são exactamente o oposto do presente e do futuro do que o imperialismo quer impor aos povos do mundo.
Todos os dias pessoas são mortas, presas e torturadas porque estão a lutar pela sua liberdade e pelos seus direitos. As forças imperialistas, comandadas pelos EUA e a União Europeia, conduzem e apoiam estas políticas na Palestina, no Bahrein, no Iémen, na Arábia Saudita, no Iraque, no Afeganistão, na Colômbia, na Birmânia, no Cazaquistão, na Suazilândia, apenas para mencionar alguns.
Contudo, cheios de hipocrisias, estas são as mesmas potências que começam guerras e impõe sanções a países, sob o pretexto de alegadas violações aos direitos humanos. A guerra na Líbia é o mais recente exemplo de como, por todos os media, as potências imperialistas fizeram uma campanha para legitimar esta operação de roubo de recursos naturais e estabelecendo um novo e enorme complexo militar em África.
Camaradas,
A crise capitalista internacional tem acelerado a tomada de consciência de milhões de pessoas sobre a realidade do sistema capitalista ser incompatível com o bem-estar e a satisfação das necessidades da humanidade como um todo. À medida que os ataques vão sendo mais e mais profundos, particularmente contra as gerações mais jovens, torna-se hoje mais claro do que nunca que o caminho seguido pode apenas levar-nos para a miséria e a guerra.
Podemos dizer que este momento confirma que, juntamente com grandes perigos, os dias que vivemos são também de grandes potencialidades de transformação. Os milhões de pessoas envolvidas nas lutas desenvolvidas nos últimos anos são sinal que nos deviam deixar cheios de entusiasmo e alegria.
É claro que há um longo caminho a percorrer, que na maioria dos países do mundo a revolução não está ao virar da esquina e que o imperialismo e as suas expressões nacionais e regionais vão continuar a arranjar diversos obstáculos aos povos e às lutas a desenvolver.
Uma expressão deste misto de perigos e potencialidades está patente nos tão falados movimentos “espontâneos”. Principalmente inspirados pelas lutas dos povos da Tunísia e do Egipto, estes movimentos contêm em si todo o tipo de tendências e crenças, que muitas vezes representas profundas contradições internas.
Para nos dirigirmos e ajudarmos estas pessoas a perceber que os partidos não são todos iguais, que os sindicatos não são todos iguais, que as únicas conquistas são conseguidas através da luta organizada e militante, é uma tarefa dos nossos tempos, para que esta onda de descredibilização no sistema possa juntar-se aos que têm lutado durante décadas, transformando-se num verdadeiro movimento de transformações revolucionárias das sociedades, e não apenas operações cosméticas que deixarão tudo como está.
Camaradas,
O nosso trabalho da FMJD tem sido difícil durante todos estes anos, mas apesar das dificuldades, temos conseguido dar passos em frente e continuar a fortalecer a luta da juventude anti-imperialista. Dando continuidade ao trabalho realizado anteriormente, os desenvolvimentos na FMJD são positivos e permite-nos falar de uma Federação que está mais activa, mais presente e mais sentida pelas juventudes do mundo.
Está o nosso trabalho terminado? Podemos baixar os braços e relaxar? Não.
Há ainda um longo caminho a percorrer e tenho a certeza que todos sabemos disso. Desde a presidência da FMJD, esperamos que esta Assembleia possa também ajudar a aprofundar o entendimento destes temas. Claro que a presidência da FMJD tem um papel importante neste sentido, mas não haja ilusões: só com o esforço de todos e de cada um dos membros da FMJD é possível reforçar a Federação.
A FMJD é para os jovens dos nossos países o que nós fizermos dela, por isso é da responsabilidade de cada um de nós torná-la melhor e mais forte. FMJD não é um fardo ou uma organização que organiza reuniões interessantes pelo mundo de vez em quando. A FMJD é uma ferramenta dos jovens do mundo para combaterem o imperialismo, e como todas as ferramentas, tem que ser usada no processo de construção do nosso caminho para atingir os nossos objectivos.
Claro que precisamos de cuidar dela. Como todas as ferramentas, a FMJD tem que ser manuseados de forma cuidadosa, para que possa ser preservada e possa durar para sempre. Mas preservar essa ferramenta não é deixá-la no armário, é contribuir para melhorá-la cada vez mais.
Camaradas,
Esta é a maior Assembleia das últimas duas décadas e com esta Assembleia esperamos ter criado as condições para que todos os membros da FMJD possam estar mais presentes na vida da Federação. Esperamos a vossa contribuição em todas as batalhas e que esta Assembleia vos dê também tempo para interagiram, formal e informalmente, com todas as 86 organizações que estão aqui presentes.
É verdade que a FMJD é composta por várias organizações que tem diferentes contextos, origens geográficas, história, objectivos e, às vezes, diferentes perspectivas numa ou noutra questão. O desafio é então, para nós, manter a valiosa história e tradição dos últimos 65 anos desta Federação, e salientar o que nos une, em vez de explorar o que nos separa, para que possamos sair desta Assembleia melhor preparados para continuar a nossa luta comum contra o imperialismo!
Do meu lado, tenho a certeza que o faremos!
Obrigado.