Intervenção de Paulo Raimundo na Assembleia de República, Debate com o Primeiro-Ministro

Não é apertando salários e com a banca a lucrar 12 milhões € por dia que se combate o custo de vida

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Sr. presidente, senhores e senhoras deputadas, 

Sr. Primeiro-Ministro, não faça como no último debate e desta vez responda:

Como se enfrenta o custo de vida que não pára de aumentar, desde logo nos alimentos, com uma grande distribuição que paga menos aos produtores, cobra mais aos consumidores, aperta salários e direitos dos seus trabalhadores e lucra à custa de todos?

Qual o contributo dos 12 milhões de euros de lucros por dia da banca para responder ao drama da habitação e das taxas de juro?

Acha mesmo que as suas mais recentes medidas de legalização do tráfico de influências resultarão num “combate sem tréguas à corrupção” - palavras suas -, fechando os olhos aos paraísos fiscais ou passando ao lado das privatizações como foi o caso da ANA, esse crime económico onde PSD, CDS e PS travaram a comissão de inquérito que se impunha?

 

Sr. Primeiro-Ministro, olhemos para a vida real e que está difícil.

Milhares de pessoas trabalham todos os dias, horas e horas a fio, 

muitas com dois e três trabalhos e na pobreza que afecta hoje praticamente 380 mil crianças.

São os trabalhadores que garantem o funcionamento dos serviços públicos; que asseguram que a economia e o País funciona e que criam a riqueza.

Como sabe os lucros são enormes, em alguns casos recordes e acumulam-se nas mãos de uns poucos, não há um problema de falta de dinheiro; tal como sabe que a produtividade tem aumentado mais do que os salários; a questão essencial que se coloca não é riqueza que vai ser criada amanhã, mas sim como é distribuída a que foi e está a ser criada agora;  

Tenho presente as recentes afirmações da Ministra do Trabalho; e o seu entusiasmo em levar por diante mais pressão nos salários, desregulação dos horários, acentuar a precariedade e fragilizar os vínculos, mas ainda assim lhe pergunto: está o Governo disponível para aumentar salários agora, desde logo na Administração Pública; fixar o Salário Mínimo Nacional nos 1000 euros e revogar a caducidade da contratação colectiva?

Aumentar salários e pensões, respeitar os trabalhadores e os que trabalharam uma vida inteira, valorizar carreiras e profissões, combater a precariedade e a desregulação de horários e da vida, é este o único caminho que garante o desenvolvimento do País, e a vida justa e melhor a que todos temos direito.

É este o caminho exigido pela justa luta que está em curso nas empresas, locais de trabalho e nas ruas e que saudamos.

Sr. Primeiro-Ministro, as vítimas da guerra na Ucrânia e na Rússia tornam evidente a urgência, daquilo que afirmamos há muito, de uma solução política que acabe com a morte, a destruição e o perigo de um confronto generalizado.

Assim como é urgente pôr fim ao cinismo e à hipocrisia e não fechar os olhos perante o massacre e o genocídio do povo palestiniano que Israel está a executar. 

Impõe-se o cessar-fogo imediato e o reconhecimento do Estado Palestiniano por Portugal, decisão que o Governo teima em não concretizar mesmo depois de mais de 130 estados o terem feito.

Quer mesmo o Governo que Portugal seja dos últimos países a reconhecer o Estado da Palestina?

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