A Casa do Alentejo, uma Associação regionalista e cultural de grande importância, sediada na cidade de Lisboa, comemorará em junho o seu primeiro centenário.
Fundada em 1923, então com sede no Bairro Alto e, desde 1932, sediada na Rua das Portas de Santo Antão, no magnífico palácio Alverca, em Lisboa, a Casa do Alentejo tornou-se ao longo das décadas num dos espaços culturais, turísticos e gastronómicos mais marcantes da cidade, uma autêntica “embaixada” do Alentejo, da sua cultura, história e costumes.
A criação da Casa do Alentejo foi impulsionada pelo movimento migratório do interior em direção às zonas urbanas do litoral que teve início no princípio do século XX, época em que a diáspora alentejana, ao chegar à capital e arredores, sentiu saudade das terras transtaganas que foram forçados a abandonar.
Uniram-se e fundaram em 10 de Junho de 1923 a Associação Grémio Alentejano, sediada então no Bairro Alto. A associação proporcionou-lhes o convívio e o modo de continuarem a recriar os seus costumes e a vivenciar a sua cultura. Em 1932, conseguiram arrendar a esplendorosa Sede. Em 1939 a Associação foi obrigada a mudar a designação para Casa do Alentejo.
Apesar de ter sido alvo de condicionamentos por parte do regime fascista, a Casa do Alentejo, através da força e espírito de superação alentejanas, manteve sua atividade, destacando-se a escola primária feminina, com lições de piano e canto coral, ativa no período de 1941 a 1958, bem como um gabinete médico, entre outras formações e cursos pedagógicos. A Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio concedeu-lhe o “Diploma de Federada” em 30 de setembro de 1970.
Com a Revolução do 25 de Abril, a Casa do Alentejo abriu as suas portas a todos e não parou de crescer desde então. Afirmou-se como espaço de convívio da diáspora alentejana, com uma atividade riquíssima de representação e promoção do Alentejo, divulgando a sua cultura e património, dando voz e espaço às mais diversas expressões artísticas, culturais, económicas e sociais de cada município alentejano, da região Alentejo e do seu povo.
Ao longo destas décadas a Casa do Alentejo tem sido palco de inúmeras atividades tais como apresentações de livros, sessões de poesia, exposições temporárias, conferências temáticas, semanas gastronómicas, concursos nas áreas das artes plásticas, letras e fotografia, exposições de artesanato, semanas dedicadas aos concelhos do Alentejo, entre muitas outras, num contributo incalculável para a dinamização, promoção e preservação da cultura alentejana.
Mas a Casa do Alentejo deu ainda mais e maiores passos, designadamente no seu papel associativo e de intervenção cívica. Afirma-se como espaço e sede de debate e participação democrática, com um importante papel no plano político, como por exemplo como grande defensora da causa da Regionalização, ou espaço anfitrião de conferências, reuniões e iniciativas de variadíssimas associações e movimentos como o movimento da paz ou de solidariedade com os povos.
A casa do Alentejo teve e tem um papel preponderante na proposta de políticas de desenvolvimento para os vários distritos da região Alentejo, como foi o caso da luta pela construção da barragem do Alqueva, da potenciação e utilização do Aeroporto de Beja, ou do desenvolvimento da rede de ferroviária no Alentejo, temas que sempre foram tratados nos diversos encontros, seminários, conferências, e nos Congressos do Alentejo, realizados bianualmente, apesar de no período da Ditadura fascista o regime ter criado obstáculos à realização de encontros da região alentejana.
Em 1991 a Associação Casa do Alentejo foi reconhecida como “Pessoa Coletiva de Utilidade Pública”. No plano cultural são se sublinhar os contributos que a Casa do Alentejo prestou para a candidatura do Cante a património Imaterial da Humanidade, continuando agora a apoiar e a dinamizar o meritório trabalho realizado por centenas de cantadores.
A sede alentejana no Palácio Alverca é alvo de uma admiração geral, sendo que o edifício foi classificado como Monumento de Interesse público em 2021. A sede é admirada não só pela sua beleza, mas também como um local especial e vivo na Baixa Pombalina, onde, os alentejanos partilham a sua cultura e identidade alentejana com todos os que a visitam.
A embaixada da Região Alentejo na área de Lisboa e Setúbal, constituída em 10 de junho de 1923, está prestes a comemorar os 100 anos de existência. Desde sua constituição, a Casa do Alentejo tem-se revelado fundamental na promoção e defesa da região que representa, prestando elevados serviços, a todos os que representa, sob o lema “Um Povo, Uma Cultura, Uma Região”.
Assim, a Assembleia da República, reunida em Plenário:
1 - Saúda a Associação Casa do Alentejo, a sua direção e os seus associados, pela comemoração do Centenário da sua fundação em 10 de Junho de 2023, exaltando o seu papel enquanto “embaixada” do Alentejo na região de Lisboa e Setúbal,
2 – Enaltece os elevados serviços que ao longo da sua existência a Casa do Alentejo tem prestado à região Alentejo e ao seu povo enquanto promotora da cultura, história e costumes do povo alentejano e fiel defensora do desenvolvimento e progresso da região Alentejo.
3 – Sugere a atribuição de uma medalha honorífica à Casa do Alentejo.