Camaradas,
Em nome da Organização Regional de Vila Real, saúdo a realização do XXII Congresso do PCP e todos os participantes.
O distrito de Vila Real, parte integrante da Região de Trás-os-Montes e Alto Douro, para muitos pode soar a algo longínquo, uma zona condenada à desertificação e desinvestimento, uma região que pouco importa pois não tem vista para o mar… Uma fatalidade do interiorismo, como muitos nos querem apresentar…
O que se esquecem de esclarecer, camaradas, é que há responsáveis por que lá tenham deixado de passar os comboios, pela falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde e na Escola Pública, por uma realidade social caracterizada pela precariedade, baixos salários, pensões e reformas reduzidas e uma taxa de desemprego estrutural acima da média nacional.
Há responsáveis pelo facto de na região Demarcada do Douro se tenham criado as condições para que empresários de trabalho temporário e engajadores de mão-de-obra precária proliferem como cogumelos, e explorem milhares de trabalhadores sem direitos, sem contratos de trabalho, pagos ao dia e com práticas do século passado como a distinção do valor pago com base no sexo e a não observância dos feriados que não sejam religiosos.
Os responsáveis por este caminho traçado são aqueles que tanto falam no combate à desertificação e na descentralização mas que quando é momento de tomar opções que realmente tenham um impacto positivo na vida das populações e trabalhadores, estão prontos a assinar de cruz a defesa dos interesses do grande capital e União Europeia, refiro-me claro ao PS, PSD e CDS com a ajuda dos seus sucedâneos Chega e Iniciativa Liberal.
Neste preciso momento, os milhões de capital estrangeiro são investidos na compra de pequenas parcelas de terreno aos pequenos e médios viticultores estrangulados por um mercado que é controlado pelas grandes casas exportadoras, na compra de barragens que deveriam estar no domínio público, sem precisar sequer de pagar impostos, ou ainda na preparação do saque dos recursos naturais da região, como o Lítio, Níquel, Cobalto, Cobre, Platinoides e minerais associados.
Contudo reina na região a política de baixos salários, falta de emprego, falta de perspetivas de futuro para os jovens que são forçados a procurar melhores condições no litoral ou no estrangeiro, e que é agravada pela cavalgada no preço da habitação - tanto para compra como para arrendamento -, e o aumento geral dos preços da alimentação e energia.
Fica a pergunta camaradas, é Trás-os-Montes e Alto Douro uma região pobre ou empobrecida e saqueada?
No entanto, o Partido conseguiu intervir em todos estes assuntos aqui mencionados e em alguns casos faz a diferença, como por exemplo, foi a partir de iniciativa nossa, que está em curso o processo de devolução da Casa do Douro aos seus legítimos donos, os pequenos e médios viticultores durienses, o que por si, já é uma grande vitoria, mas em que a batalha final ainda não está ganha. É preciso agora Devolver o Douro aos pequenos e médios viticultores durienses..
Continua também a luta para reforçar a organização do Partido, numa região em que não é fácil renovar e rejuvenescer o colectivo partidário, mas em que temos alcançado alguns avanços, exemplo disso está no facto dos últimos 6 camaradas a entrar para a DORVIR terem como média de idades 42 anos. Também valorizamos o facto de ter sido possível responsabilizar 14 camaradas, desde a conferência nacional.
Não baixemos os braços camaradas, mesmo em períodos de resistência é possível alcançar vitórias, só é preciso tomar a iniciativa e ocupar o nosso lugar como Partido de vanguarda e revolucionário.
Viva o XXII Congresso
Viva o PCP