Em nome da Organização Regional de Évora saúdo o XIX Congresso, os seus delegados e convidados, e por seu intermédio todo o colectivo partidário.
Apreparação deste Congresso construiu-se, no distrito, a partir de uma ampla discussão, a qual confirmou a íntima ligação à luta, aspirações e reivindicações dos trabalhadores e populações.
Realizámos 102 reuniões de discussão de Teses e alterações ao Programa do Partido, iniciativas temáticas e assembleias de organização, onde participaram 1577 militantes e se elegeram 61 delegados. As Teses e as alterações ao Programa de Partido mereceram a concordância geral dos militantes.
Preparámos o Congresso profundamente ligados aos trabalhadores, às populações e às suas lutas, contra o desinvestimento público, a contínua destruição dos sectores produtivos, a asfixia financeira das micro, pequenas e médias empresas, o desemprego, o encerramento de serviços públicos, a liquidação de freguesias, enquanto causas directas do envelhecimento da população, aumento da pobreza, progressivo despovoamento.
Todos os dias assistimos ao encerramento de empresas, à espiral de salários em atraso, de que são exemplos a Marbrito, no sector dos Mármores, onde os trabalhadores suspenderam o contrato de trabalho ou a RTS no sector da transformação de betão pré-fabricado; à aplicação de lay off (s) fraudulentos como é o caso da K.Plastics, no Parque Industrial de Vendas Novas e da Kemet Electronics, em Évora, que em 2011 recebeu 3,5 milhões de euros de apoios do Estado Português para promover a formação profissional e para a modernização tecnológica que nunca efectuou, suspendeu o contrato a 30 trabalhadores, entre os quais se encontravam os três delegados sindicais do SIESI e os dois representantes dos trabalhadores para a Saúde e Segurança no Trabalho, e que agora se prepara para efectuar um despedimento colectivo de 154 trabalhadores, deslocalizando a linha de produção para o México.
Desde aqui, solidarizar-nos com a luta desses trabalhadores, assegurando-lhes que podem continuar a contar com o PCP.
Integrado nesta brutal ofensiva de ajuste de contas com a Revolução de Abril está o ataque contra uma das suas mais importantes conquistas no plano político: o Poder Local Democrático. Pretende-se liquidar a autonomia administrativa, asfixiar financeiramente as autarquias, encerrar 22 freguesias no distrito.
O ataque é visível, igualmente, nos serviços públicos, na saúde, com o fecho de urgências e a redução significativa da prestação de cuidados essenciais às populações, na educação, com o encerramento de escolas e as ameaças de encerramento de outros serviços como as Finanças e Tribunais. A tudo isto têm respondido os trabalhadores e populações de forma corajosa e determinada, numa luta que a cada dia se alarga e intensifica.
A luta e resistência contra as politicas de direita tem-se desenvolvido e ampliado no nosso distrito, a partir dos problemas concretos, nas concentrações e vigílias em torno das questões da saúde, na crescente participação nas manifestações nacionais, nas comemorações do 1º de Maio, nas enormes e emocionantes greves gerais.
Temos lutado, mobilizado e organizado, afirmando e reforçando o PCP, na única inevitabilidade que conhecemos, a luta.
A Organização do Partido no distrito tem-se reforçado, seguindo as linhas de trabalho definidas na 7ª Assembleia de Organização Regional, em Outubro 2010, sublinhando-se, neste particular, os passos dados no âmbito da organização e intervenção junto da classe operária e dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho, constituindo-se um grupo trabalho de acompanhamento, responsabilizando-se quadros, criando o sector das Indústrias Eléctricas e sectores operários de Vendas Novas, Arraiolos e Évora. É urgente continuar a ligar o Partido aos trabalhadores, e aí reforçar a sua organização e intervenção.
É ainda de sublinhar, no âmbito do reforço do Partido, a necessidade de continuar a discutir e aprofundar, nas organizações, a situação financeira do Partido através de medidas concretas que contribuam para o aumento da capacidade financeira, na cobrança regular da quotização, nas contribuições dos eleitos, nas campanhas de fundos, na realização de iniciativas. É preciso continuar este caminho, recrutando, responsabilizando mais quadros, contactando mais amiúde os militantes, envolvendo-os, e divulgando a imprensa do Partido.
Neste quadro de ataques cerrados aos direitos e conquistas dos trabalhadores, coloca-se-nos a todos nós o intemporal desafio de esclarecer e mobilizar, transformando o descontentamento em acção concreta. Saímos do nosso Congresso mais preparados, mais confiantes e determinados para as batalhas que se avizinham, no desenvolvimento da luta de massas, na afirmação da política patriótica e de esquerda e na construção da alternativa política, no indispensável reforço do Partido.