Intervenção de Carlos Fernandes, XXI Congresso do PCP

Organização Regional de Setúbal

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Camaradas,

Em nome da Organização Regional de Setúbal do PCP saúdo todos os camaradas presentes no nosso Congresso e através de vós todo o colectivo partidário.

Saúdo ainda os trabalhadores da Península de Setúbal que este sábado e nesta tarde estão a trabalhar. São pelo menos dez mil trabalhadores da região, da Autoeuropa, da Fisipe, da Lisnave, da Siderurgia, da indústria alimentar, dos transportes, dos hospitais, dos serviços essenciais, alguns até a fazer trabalho extraordinário.

A sua presença hoje nos locais de trabalho é um exemplo da hipocrisia que envolve a campanha contra a realização do nosso Congresso. Os trabalhadores podem trabalhar todos os dias, mesmo durante o estado de emergência, mesmo se as condições de higiene e segurança no trabalho não estiverem reunidas, mesmo que tenham de atravessar vários concelhos e mudar de distrito. Mas cai o carmo e a trindade de o Partido se reunir, a discutir a situação em que vivem os trabalhadores, as soluções para os problemas e a forma de as concretizar.

Camaradas,

Na 3ª fase de preparação realizaram-se na ORS 86 reuniões que discutiram as teses e elegeram os delegados, com 1403 participações. Num debate participado, onde os militantes manifestaram acordo geral com as Teses.

Entre Congressos, realizámos a 10ª Assembleia da Organização Regional em 2019, e recrutámos 444 camaradas. É um aspecto que valorizamos, embora existam atrasos na acção de contactos com os membros do Partido, na criação de novas células, no recrutamento dirigido e na integração de novos militantes.

Camaradas,

A Região de Setúbal tem enormes potencialidades e recursos.

A esta realidade sobrepõe-se uma outra, a submissão aos ditames da União Europeia e da política de direita praticada por sucessivos governos PS, PSD e CDS, que são a causa do desmantelamento e da destruição do aparelho produtivo, do elevado nível de precariedade e de desemprego.

No plano social a situação epidémica e o aproveitamento que dela é feito pelos grandes grupos económicos colocam em evidência a precariedade na região, onde a não renovação de contratos e o despedimento de trabalhadores tem acontecido na Autoeuropa, na VW group services e nas empresas do parque, na Navigator, na Mechaers, na Visteon, entre outras empresas, num total de 10 mil trabalhadores despedidos só entre Março e Junho.

Por outro lado, grandes grupos económicos que recorreram aos apoios do Estado no primeiro semestre, como o lay-off, vão agora distribuir lucros, como é o caso da Navigator, que anunciou 100 milhões de euros de lucros para os accionistas.

No quadro da resposta aos problemas dos trabalhadores, o movimento sindical unitário e a União de Sindicatos tem sido uma poderosa organização social, que defende no plano económico e social os interesses dos cerca de 225 mil trabalhadores da região. Dos quais, mais de 31,500 estão sindicalizados nos sindicatos unitários.

Na região identificamos a existência de cerca de 40 comissões e sub-comissões de trabalhadores com diferentes graus de cooperação com o movimento sindical unitário, que por dificuldades nossas exigem um maior acompanhamento.

Com a luta desenvolvida, mais de 3 mil trabalhadores com vínculo precário passaram a ter contrato de trabalho efectivo, como aconteceu na Autoeuropa, na Visteon, na Hanon, na Navigator e noutras empresas e serviços.

Ao lado das aspirações das populações estão as autarquias de maioria CDU, cujo exemplo, é demonstrado pelo projecto autárquico do PCP e o trabalho realizado na região.

Trabalho e resposta que os eleitos comunistas e seus aliados no quadro da CDU e o valoroso trabalho realizado ao longo de décadas ao serviço dos trabalhadores e das populações, devem ser reforçados e projectados para dar resposta aos problemas da Região.

Na região de Setúbal, a CDU foi a força mais votada nas eleições autárquicas de 2017, com maior número de presidências de Câmara Municipal (cinco) e de Juntas de Freguesia (22) e com o maior número de mandatos em Assembleias Municipais.

A perda da presidência das Câmaras Municipais de Alcochete, Almada e Barreiro, bem como de oito Juntas de Freguesia, é o aspecto negativo deste resultado.

Camaradas:

No âmbito do Centenário do Partido, a programação regional com um conjunto de temas a dinamizar nos concelhos e a programação própria das organizações que será construída será um contributo para o reforço do Partido. Na próxima sexta-feira inauguramos a Exposição do Partido em Almada.

Camaradas, sabemos que só com o reforço do Partido, criando as condições para que o colectivo o concretize, conseguiremos romper com a política de direita e caminhar para a concretização de uma política patriótica e de esquerda, por uma democracia avançada com os valores de Abril no futuro de Portugal, pelo socialismo e o comunismo.

Viva o XXI Congresso.
Viva a JCP.
Viva o Partido Comunista Português.

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