Intervenção de Rute Santos, XXI Congresso do PCP

O Novo Banco e a exigência do seu controlo público

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A situação actual do sector financeiro é marcada por um peso crescente do capital transnacional, agravando a transferência de riqueza para o estrangeiro, e a perda de capacidade de intervenção e de soberania do nosso País.

Os donos do capital têm utilizado o sector, única e exclusivamente, em função dos seus objectivos de acumulação e concentração de riqueza, seleccionando a sua actividade, de acordo com o objectivo do lucro, e não das necessidades da nossa economia.

Desde a vinda da Troika, já encerraram mais de 2 mil balcões e saíram mais de 10 mil trabalhadores, apesar de o Estado ter injectado na Banca mais de 20 mil milhões de euros, devido a gestão danosa.

Destes mais de 20 mil milhões, cerca de 9 mil milhões foram para o Novo Banco.

A aplicação da medida de Resolução ao BES pelo Banco de Portugal, em articulação com o Governo do PSD/CDS, e sob o comando da União Europeia, foi um autêntico escândalo.

A divisão entre o banco bom e o banco mau, foi um “faz de conta” que serviu apenas para justificar a medida, pois tal como se veio a confirmar ao longo dos últimos anos, uma parte significativa dos activos problemáticos, ficaram no “chamado” banco bom.

Não se tendo verificado até agora, a veracidade das contas apresentadas pelo Banco de Portugal, ficou provado que esta operação constituiu uma autêntica fraude política.

Mas, se o processo de Resolução do BES configura um escândalo, a venda do Novo Banco, em 2017, à Lone Star, um fundo abutre americano, transformou-se num negócio ainda mais ruinoso para o Estado português.

Estes cerca de 9 mil milhões serviram para limpar activos problemáticos, e para a Lone Star, dona de 75% do capital social do Novo Banco, despedir milhares de trabalhadores:

Entre 2014 e 2020, no Novo Banco fecharam 299 balcões e reduziram 3.054 trabalhadores.

Quem lucrou com este negócio?

Não foram os contribuintes, muito menos os trabalhadores do Novo Banco!

Camaradas,

Desde a Resolução do BES em Agosto de 2014, até hoje, o PCP, em vários momentos, apresentou a proposta de nacionalização do Novo Banco que segundo o Banco de Portugal, teria um custo para o Estado português, de cerca de 7 mil milhões de euros.

Citando Jerónimo de Sousa: “Por que razão não foi o banco nacionalizado, quando o Estado já injectou na instituição cerca de 9 mil milhões de euros?
Se o Estado paga, o Estado deve gerir!”

Camaradas,

O militante comunista, no sector financeiro, tem uma tarefa difícil numa luta desigual, mas de importância fundamental.

Os camaradas organizados no Sector dos Bancários, lutam em cada empresa financeira contra a política de direita, pelo trabalho com direitos, através do SINTAF da CGTP-IN, o sindicato de classe que é preciso continuar a afirmar.

O SINTAF, é o único Sindicato que defende e luta pela defesa dos postos de trabalho e pela nacionalização do Novo Banco.

A banca pública é a única possibilidade de garantir o interesse público nacional, e de recuperar uma alavanca imprescindível para o desenvolvimento soberano do país.

Nacionalizar o Novo Banco, é a solução, apesar de tardia, capaz de contribuir para a dinamização da economia nacional.

Como disse Álvaro Cunhal, “Quando se tem um ideal, o mundo é grande em qualquer parte”,

Por isso, os comunistas organizados no Organismo dos Bancários de Lisboa, continuarão a lutar e a intervir no sector financeiro, por uma política patriótica de esquerda, pois só assim será possível uma sociedade mais justa.

A luta Continua!
Viva o nosso Congresso!
Viva a JCP!
Viva o Partido Comunista Português!

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