Boa tarde camaradas, a todos vós, a todos nós, uma grande saudação.
Que fácil que era ceder a intimidação e à provocação e ficar em casa.
E, no entanto, aqui estamos a desmontar mais uma vez que a democracia não se confina!
Camaradas,
Em 2019 estimava-se que houvesse em Portugal mais de 7 milhões de pessoas com conta em pelo menos uma rede social.
Para muitos, ainda antes da COVID-19 e da limitação aos contactos sociais físicos que esta impôs, as redes sociais eram já uma importante forma de contacto entre familiares, amigos e colegas. Mais importante ainda, estas eram e continuam a ser a principal fonte de informação - entre aspas - noticiosa.
Mas não sejamos ingénuos. Como quase tudo, também as redes sociais são uma expressão da luta de classes.
Elas são, essencialmente, uma ferramenta da classe dominante para condicionar o comportamento das massas, quer no plano do consumo, quer no plano político-ideológico. Os seus algoritmos estão desenhados para isso, invadindo a privacidade dos seus utilizadores e oferecendo-lhes primordialmente informação que permite, directa ou indirectamente, realizar lucros e exercer controlo.
Dito isto, a nossa leitura dialéctica da realidade obriga a que observemos que há também nas redes um espaço para a intervenção do Partido e dos seus militantes.
Foi tal consideração que levou a que o Partido abrisse páginas nas principais redes - iniciativa tomada quer no plano central, quer em alguns casos no plano distrital ou concelhio.
Esta foi uma decisão importante, que temos levado a cabo com êxito, mas os passos dados até aqui não nos devem contentar.
Sem esquecermos que o propósito primeiro das páginas do Partido é o da transmissão da mensagem do Partido - e não esta ou aquela opinião deste ou doutro camarada - há aspectos que não podemos deixar de ter em conta para a fazer mais eficaz:
1) As redes sociais têm uma dinâmica própria. Intervir não se pode cingir a reproduzir lá o que escrevemos e dizemos noutros sítios. Sem hipotecar um milímetro de conteúdo, precisamos de cuidar a linguagem com que intervimos, fazendo sínteses mais eficazes e apelativas. Simplificando: a nenhum de nós ocorreria pegar num molho de cartazes e ir distribui-los para a porta duma empresa como se fossem panfletos; da mesma forma, não serve de muito pegar num texto de duas páginas, cheio de frases longas e complicadas, e ir publicá-lo nas redes.
2) As redes sociais são um espaço em si mesmo. Para lá da forma, intervir nelas implica pensar conteúdos dedicados, coisas que dificilmente resultariam noutro contexto, mas que ali são o que faz sentido. Em sentido inverso, achar que podemos simplesmente reproduzir modelos de iniciativas de outros contextos nas redes também não resulta.
3) Intervir nas redes implica dedicar meios específicos. Para tal, ao preparar uma iniciativa deve ser tido em conta que aspectos como a qualidade da imagem, a iluminação e até o som podem ser a grande diferença entre um material com potencial mobilizador ou um mero desperdício de tempo que se perderá nos infindáveis corredores da internet.
Camaradas,
Os anos que temos pela frente serão de grande exigência, não é preciso nenhuma bola de cristal para o adivinhar. Assim, também nesta frente de trabalho precisamos de continuar a dar passos.
Para que estes passos sejam tanto mais frutíferos é imperativo que também aqui o colectivo do Partido se mobilize e, de forma organizada, intervenha de forma simultaneamente disciplinada e criativa.
As redes não são nem serão jamais um espaço de discussão de aspectos de vida do Partido, nem nelas devemos contribuir para promover os nossos adversários de classe.
Enquanto comunistas, na vida como nas redes sociais, devemos ser agitadores. Da mesma forma que na empresa, no bairro, ou na colectividade procuramos transmitir a mensagem do partido, à nossa maneira, com as nossas palavras, recorrendo à nossa criatividade - também nas redes sociais devemos fazê-lo. Quanto mais fiéis formos à nossa própria linguagem e forma de nos exprimirmos, mais eficazes seremos a alcançar aqueles que nos rodeiam.
Este é um campo inclinado a favor do outro lado, mas oferece-nos a possibilidade de chegar a mais gente. Gente que está - de forma mais ou menos definitiva, consoante os casos - ao nosso lado. Dediquemo-nos então a aproximá-los mais de nós, a esclarecê-los quando necessário, a mobilizá-los quando for preciso.
Se o fizermos, estaremos muito mais próximos de cumprir os nossos objectivos.
Viva o PCP!