Soluções para o país são indissociáveis de soluções para a juventude.
Ao invés dos que enchem a boca a falar de políticas de juventude, que dissertam sobre a participação juvenil; quando falamos de políticas para a juventude, não as desligamos da política de desenvolvimento do país, do rumo de soberania, de produção nacional, da valorização dos trabalhadores e de investimento nos serviços públicos que defendemos.
Ora uma política de juventude não serve sem a concretização do artigo 74 da nossa Constituição, sem um Sistema de Ensino público, gratuito e de qualidade para todos. Enquanto as escolas não forem dotadas de todos os meios materiais e humanos necessários. Ou enquanto se olhar para as vias profissionalizantes como forma de poupar dinheiro, a reboque de metas da UE, e se empurrarem para aí os 50% dos estudantes mais pobres e desprotegidos, formando desta forma mão de obra pronta a servir os interesses dos grandes grupos económicos.
É preciso, sim, que se elimine toda e qualquer barreira ao acesso aos mais elevados graus de ensino, desde a propina aos exames nacionais, e que o desenvolvimento científico se materialize ao serviço dos interesses nacionais a par da formação integral de cada um.
A política de juventude não serve sem o direito ao emprego com direitos, não enquanto imperarem os salários baixos e os Governos transigirem com a precariedade ou mesmo a promoverem. O essencial é, de facto, uma politica alternativa, que ponha termo à realidade da maioria dos jovens, que hoje se encontram entre o desemprego e o submundo das empresas de trabalho temporário ou que não têm perspectiva que não a emigração.
A política de juventude não serve sem um serviço nacional de saúde capaz e abrangente, com financiamento condizente. A política alternativa passa por medidas eficazes de combate à toxicodependência, pelo assegurar dos direitos sexuais e reprodutivos, concretizando uma Educação Sexual séria nas escolas.
A política de juventude não serve enquanto os jovens se virem na inevitabilidade de continuar sem prazo em casa dos pais. Também no que concerne à habitação, enquanto pilar da emancipação e autonomia da juventude, é preciso uma política alternativa.
A política de juventude não serve sem a valorização do transporte público, nas cidades mas também no interior do país, um interior que, desprovido de serviços e emprego, mas não de potencialidades, não é hoje capaz de fixar quem nasce, quanto mais chamar outros.
A política de juventude não serve sem a democratização da cultura, tão-pouco sem uma efectiva política de desporto, no desporto escolar e no apoio ao associativismo. Factores da maior importância para o desenvolvimento da juventude, pela sua inestimável capacidade mobilizadora e o seu papel estruturante na integração social e formação individual e colectiva.
A política de juventude não serve sem a real valorização do movimento associativo juvenil. Todos os conselhos e órgãos consultivos revelam-se mera cosmética à falta de apoio e financiamento adequado. De nada valem fóruns e palestras, se não se garante a sua participação efectiva na definição e desenvolvimento de políticas junto do poder local e central.
A política de juventude não serve enquanto se promoverem os valores do militarismo e da guerra e a participação na NATO, em vez de se defender os valores da paz, do direito à auto-determinação e da solidariedade entre os povos.
Evidentemente, camaradas, este futuro não é concebível sem a ruptura com a política de direita e depende, sim, da concretização de uma política alternativa, patriótica e de esquerda. Não fosse esta de uma actualidade que a própria realidade demonstra, e não seria alvo de uma tão feroz ofensiva, em tão variadas frentes. Vejamos:
Diagnosticam que os jovens são hoje pouco participativos, que não se identificam com a política, mas escondem que é da política de direita que não gostamos.
Esboçam caminhos no quadro de uma dita cidadania activa, seja lá o que isso for, da lógica voluntarista e caritativa, isto é, uma participação que não coce os interesses do sistema, antes contribua para a sua perpetuação. Facilmente percebemos porque não falam da mobilização dos estudantes em torno do 24 de Março ou dos jovens trabalhadores na Manifestação da Interjovem/CGTP no 28 de Março.
Promovem a meritocracia, vendem o empreendorismo e fomentam o individualismo no seio da juventude. Surgem as aclamadas novas causas do séc. XXI, as chamadas de fraturantes e, manipulando justos sentimentos de incompreensão e revolta que radicam justamente nas injustiças do sistema capitalista, procuram dividir, isolar cada um na sua própria redoma, incitando à reivindicação de direitos individuais em detrimento de colectivos, e contrariando os laços de unidade e solidariedade naturais entre a juventude; no fundo, procuram fazer valer a sua posição de domínio enquanto classe, e encontrar novas formas de agravar a exploração.
O essencial, não vá cair o carmo e a trindade, é não falar de classes, ou até de partidos, esses que são todos iguais, que são coisas do outro século.
Procuram, portanto, silenciar a alternativa política, apagar as propostas, os avanços conseguidos e quem de verdade se bate por eles há décadas. Dos manuais escolares gratuitos, à redução do valor das propinas, batalhas que o PCP e a JCP defenderam quase sozinhos, e que muitos não imaginavam possível há quatro anos atrás.
Conscientes dos obstáculos ao que nos propomos. Certos do potencial que o valor da política alternativa carrega para a juventude. Desdobrar-nos-emos com Ecolojovem e muitos outros na Juventude CDU, para a levar aos jovens portugueses, para afirmar que existe uma força que os defende e que essa força em Maio, como em Setembro e em Outubro é a CDU.
O país tem futuro, e o presente pode ser melhor, camaradas.