O mercado único tem ganhadores e tem perdedores.
A livre concorrência capitalista no mercado único tem efeitos assimétricos, que tendem a acentuar a divergência económica e social.
De um lado, as principais economias da União Europeia e da Zona Euro, e as respectivas multinacionais, que colonizaram mercados do centro às periferias. São os ganhadores.
Do outro lado, os países economicamente mais débeis, expostos a uma concorrência desigual e destrutiva, cujos mercados foram colonizados, com forte disrupção do respectivo tecido empresarial. São os perdedores.
A política de coesão, porque insuficiente, nunca compensou por inteiro este efeito divergente e assimétrico.
O aprofundamento do mercado único foi subjugando ao mercado esferas crescentes da vida económica e social e é indissociável das liberalizações, das privatizações, do ataque aos serviços públicos e às funções sociais do Estado.
O retrato idílico que a direita e a social-democracia recorrentemente fazem do mercado único corresponde apenas a uma das faces da moeda. A dos interesses que defendem.
Os trabalhadores e os povos não têm razões para se reverem neste retrato.