Intervenção de Carlos Almeida, Membro da Direcção da Organização Regional de Braga, XIX Congresso do PCP

Organização Regional de Braga

Organização Regional de Braga

Em nome da ORBraga deixo aqui uma saudação a todos os delegados e convidados ao Congresso, assim como a todos aqueles que, não estando hoje aqui presentes, foram, também eles, construtores desta imponente iniciativa de debate político e afirmação do PCP como força revolucionária, insubstituível no curso de transformação social.

Chegamos hoje à última etapa do nosso XIX Congresso. Foram muitas reuniões, encontros, conversas e contactos que lhe precederam e lhe deram a dimensão que lhe cabe. A dimensão de um Congresso realizado pelo Partido Comunista Português.

Num momento em que o distrito de Braga e o país nos exigiam a responsabilidade de lutar para inverter o rumo desgraçado que nos tentam impor, não nos poupámos em esforços para fazer deste Congresso um amplo espaço de debate, de encontro de ideias e respostas. Um espaço onde se vive a realidade do país, onde se respira a luta dos trabalhadores, onde brotam soluções para que o país e o Povo encontrem um futuro de direitos, solidariedade, justiça social e paz.

Preparámos este Congresso durante dez meses de intensa actividade, que se traduziu em 50 reuniões, de onde sobressai um amplo acordo com os documentos em debate, cerca de uma dezena de iniciativas de afirmação do Congresso junto de outros democratas, e ainda na participação de 250 militantes nas assembleias electivas, o que, embora insuficiente, representa uma evolução positiva.

Sabemos, assim, que estamos a fortalecer o nosso Partido, condição imprescindível para a construção da mudança que o país precisa e que o povo anseia.

Em Braga, região particularmente afectada pelas medidas do Governo PSD/CDS, deparamo-nos hoje com uma situação dramática, a fazer lembrar os tempos que não deixam saudade. São milhares os trabalhadores que cruzam a fronteira à procura de meios de subsistência. São inúmeros os trabalhadores que ficaram sem emprego nos últimos anos. No total, os desempregados no distrito ultrapassam já a barreira dos 80 mil. Desemprego que não pára de crescer à custa da destruição de postos de trabalho, de que é exemplo a multinacional Bosch, que factura em Portugal mais de mil ME à custa da exploração dos trabalhadores. Empresa que, tendo recebido vários milhões de euros do Estado no âmbito de programas de investimento, não se inibe de despedir, diariamente, sem qualquer pejo, trabalhadores precários, muitos dos quais jovens.

Camaradas, também nas instalações do complexo Grundig, localiza-se a Fehst Componentes. Empresa que manifestou, na véspera do nosso congresso, a intenção de avançar com um despedimento colectivo de 40 trabalhadores. Isto, depois de ter já despedido 43 há 5 anos atrás e depois de ter recorrido desnecessariamente ao lay-off. Agora quer despedir mais! Mas os trabalhadores vão resistir, estamos seguros. Vão resistir como têm resistido ao longo dos anos. Vão lutar como lutaram na Greve Geral de 14 de Novembro, dia em que pararam a produção na empresa. Vão lutar, e sabem que não estão sozinhos, sabem que têm o PCP ao seu lado, como sempre tiveram.

Camaradas delegados, amigos e camaradas convidados, é esta a face visível da política de austeridade que Passos e Portas executam a mando dos crápulas do poder económico. Cortes nos rendimentos de quem trabalha, num distrito caracterizado pelos baixos salários, cortes nos apoios sociais quando a taxa oficial de desemprego já passa os 16%, destruição do aparelho produtivo num distrito onde encerram empresas todos os dias, não podiam conduzir Braga a um desfecho senão o do aprofundamento das desigualdades e da proliferação da miséria.

Camaradas, em Braga somos também vítimas de um negócio ruinoso entre o Estado e o grupo Mello. Falo-vos da vergonhosa PPP no Hospital de Braga, iniciada por um governo do PS e bem acolhida, como era de esperar, pelo governo do PSD/CDS. É mais um exemplo de como eles se dão bem quando se trata de dar a mão aos grupos económicos. E fizeram-no, camaradas, não sem antes terem decretado o encerramento de serviços de saúde em toda a região, transferindo assim milhões de euros para aquele grupo privado, que tudo fez para potenciar os seus lucros, despedindo trabalhadores, cortando nos serviços, pondo em risco a saúde e a segurança dos utentes.

Vêm agora dizer, os Srs. do Grupo Mello, que têm prejuízos na gestão hospitalar. Pretendem, certamente, açambarcar ainda mais dinheiro do OE, ao mesmo tempo que cortam nos gastos do hospital. Cá estaremos para combater essas pretensões!

Camaradas, é esta a vida que nos querem obrigar a viver para sempre, mas contra ela erguem-se, diariamente, os comunistas! Erguemo-nos e lutamos, sem descanso, encontrando forças nas dificuldades, tirando vantagens das adversidades e confiança das incertezas.

Diria o poeta Carlos Maria de Araújo: «É preciso que tragam a bandeira/É preciso que alguém vá até ao fim da noite/e desenterre a bandeira/ Se já não tiver mãos/que rasgue a terra com os dentes/mas que traga a bandeira».

Nós, comunistas portugueses, vamos até ao fim da noite, vamos até onde for preciso, mas vamos buscar a bandeira – a bandeira da democracia avançada, da liberdade, dos direitos para quem trabalha, da independência e da soberania nacionais, dos valores de Abril no futuro de Portugal!

Viva o Partido Comunista Português!

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