Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

Sobre os resultados das Eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira

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1. O resultado hoje obtido pela CDU com o reforço da sua votação e a confirmação da sua representação parlamentar, desmentindo sondagens e outros presságios, é tão mais importante quanto obtido no quadro de uma intensa instrumentalização de factos e falsificação de posicionamentos visando alimentar preconceitos anticomunistas e reduzir o espaço de crescimento que a sua reconhecida e ímpar acção em defesa dos trabalhadores e do povo os seus adversários sabiam ser razão de apoio e aproximação à CDU. Uma operação que mobilizou vários meios e uma acção subterrânea e difamatória promovida pelos sectores mais reaccionários mas também por outros que viam na CDU e no seu percurso de intervenção factor de polarização da confiança de um número crescente de muitos potenciais eleitores.

O resultado positivo da CDU, mais votos, mais percentagem, é expressão do reconhecimento do valor da intervenção quer no parlamento regional quer nas muitas lutas, das empresa às localidades, uma intervenção que se sobrepôs às campanhas de menorização da CDU e da confiança que conquistou com o seu trabalho.

Um resultado construído que teve de enfrentar uma imensa disparidade de meios e uma injustificada discriminação da comunicação social nacional e mesmo regional.

2. A não obtenção da maioria absoluta pela coligação PSD/CDS é elemento relevante dos resultados hoje conhecidos.

Uma derrota indisfarçável que independentemente dos arranjos institucionais que se venham a fabricar para tentar prosseguir o rumo desastroso da Região não pode ser iludida.

Uma derrota que, muito para lá da expressão eleitoral que a CDU obteve, tem na sua continuada acção de denúncia e luta com os trabalhadores e o povo um factor essencial na erosão do apoio social e eleitoral do PSD. É verdade que esta perda não significa em si a interrupção da política de exploração e injustiças até agora prosseguida na Região e a necessidade de prosseguir o combate contra o seu desenvolvimento.

E ainda que PSD e CDS preparem o prosseguimento da política de direita, agora contando com o apoio de sectores e forças ainda mais à direita, a perda do seu poder absoluto representa a vitória daqueles que como a CDU ao longo décadas ergueu a voz, deu combate, denunciou injustiças, mobilizou os trabalhadores e o povo.

3. A expressiva perda eleitoral do PS confirma no essencial a descredibilização resultante da confirmada ausência de opções distintas das da actual maioria regional e do confirmado sentimento de desperdício e inutilidade sentida por milhares de eleitores qua há quatro anos haviam confiado o seu voto numa falsa disputa bipolarizadora  e que viram o PS desprezar e abandonar o apoio que então lhe foi confiado.

O resultado obtido por algumas outras forças sem qualquer intervenção na região, de que é exemplo o Chega e a IL, é sobretudo explicado pela projecção mediática da sua mensagem demagógica e populista, que, escondendo a verdadeira natureza exploradora e reaccionária a que dão corpo, conseguiu ocultar a sua co-responsabilidade política nas opções de fundo que são a causa dos problemas e das dificuldades que o povo e os trabalhadores enfrentam.

4. É de uma outra política que a região necessita. Uma política que tem na CDU a mais coerente e sólida expressão e que dá garantias de um  posicionamento determinado pelo compromisso que firmou, vinculado ao que em termos programáticos apresentou aos madeirenses e portossantenses de exigência de um novo rumo na vida da Região, que assegure o desenvolvimento económico e o progresso social, afirme a autonomia enquanto instrumento aos serviço do povo da Região.

A CDU contará agora e sempre para assegurar a defesa de todas as medidas que sirvam os interesses dos trabalhadores e combater os projectos de perpetuar a política dos grandes interesses económicos e dos senhorios da região.

É com a CDU que os trabalhadores e o povo continuarão a contar.

Recolhidas as bandeiras e a exposição mediatizada, quando uns prosseguirão a sua política de exploração e outros arrumarão os adereços até que haja novas eleições, será a CDU  que marcará presença nas localidades, nos bairros e nas empresas.

Não haverá resposta aos problemas da Região e do povo sem a valorização do trabalho e dos trabalhadores, a defesa dos serviços públicos a começar pelo financiamento do serviço regional de saúde e a rejeição dos projectos de apoio aos grupos privados da saúde, a valorização da escola pública, a resposta aos graves problemas habitacionais assegurando o direito constitucional à habitação, a confirmação do sector empresarial público regional com a reversão de projectos em curso com vista à privatização de empresas, a garantia do direito ao transporte com a exigência do cumprimento de serviço público por parte da TAP e com ruptura com a submissão aos interesses dos grupos económicos que monopolizam o transporte marítimo. E sobretudo a exigência de ser posto fim à promiscuidade entre o poder regional e os grandes grupos económicos com os quais é mais que sabido que PSD, CDS e PS, e também quadros do Chega e IL, partilham ligações e cumplicidades.

5. Uma palavra de saudação a todos os activistas da CDU, militantes do PCP, do PEV e muitos outros sem filiação partidária que deram corpo a uma campanha construída a palmo, assente no esclarecimento e na mobilização,   vencendo preconceitos e enfrentando meios desproporcionais, baseada na militância e ancorada na proximidade e conhecimento dos problemas que os trabalhadores e o povo da Região enfrentam.

A CDU saúda todos quantos deram o seu apoio, e muitos deles pela primeira vez, assegurando a todos que o voto que nos confiaram não será traído e que contará em todos os momentos (quer dentro, quer fora do parlamento regional) para fazer ouvir os seus interesses, defender os seus direitos, pesar para a construção de soluções que garantam uma vida melhor.

Amanhã, como sempre, a CDU marcará presença em cada luta, em cada momento e em cada lugar em que seja preciso afirmar direitos, denunciar injustiças, construir soluções para responder às aspirações populares e ao desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira.

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