Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

«Nós não alimentámos nem alimentaremos este triste espectáculo»

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Confrontados com estes dois dias de acontecimentos, manobras, golpes, acordos e pré-acordos e nada se concretizou e chegados ao fim deste processo, diria assim: Bem que se poderia ter evitado esta imagem, bem que se poderia ter evitado todo este atabalhoamento, toda esta golpada, todo este espectáculo desagradável. Mesmo que hoje seja o Dia Internacional do Teatro, isso não justifica em nada tudo aquilo que se passou aqui. Queremos apenas afirmar que nos opomos completamente a todo este ambiente, este processo de golpe e contragolpe. Acordámos ontem com acordos, chegámos à hora de almoço sem acordos e depois foi o que se viu durante todo o resto do dia. 

Queríamos sublinhar uma ideia com grande força para nós, é que estas aparentes discordâncias, estes golpes e contragolpes, como disse há pouco, não iludem aquilo que une o projecto da direita, em particular o PSD e o CDS, Iniciativa Liberal e o Chega. Há elementos centrais que os unem neste projecto, que é um projecto que está aí a querer andar para a frente. Reforça ainda mais aquilo que sempre dissemos, diria assim, se aquilo que dissemos já valia por si na afirmação de que era preciso uma resposta de combate a partir do primeiro minuto à política que se quer implementa, aqui está a prova provada daquilo que é fundamental. 

E há um outro elemento que queremos sublinhar, nós não colaboraremos, não ajudaremos, a que em nome de um suposto combate à direita, na prática, se avancem com convergências, em particular entre o PSD e o PS, que, na prática, aquilo que fazem é criar as condições para que a política de direita prossiga. 

Essa política de direita está mais que demonstrado que não resolve o problema das pessoas. Foi por essa política de direita que o próprio Partido Socialista foi derrotado. É essa política de direita que o PSD e o CDS querem implementar, portanto ela precisa de ser travada, não precisa de ser animada, nem precisa de se criar condições para que ela prossiga. 

As pessoas votaram no dia 10 de Março, uma das consequências desses resultados eleitorais esteve aqui nestes dois dias, é um processo que vai continuar, mas votaram pela exigência de mudança. Ora essa mudança não virá, como estes dois dias demonstraram bem, não virá nem pelas mãos do PSD e do CDS, mas também não virá por essa conjugação que foi agora encontrada nestes últimos dias. 

E aquilo que se exige é aquilo que as pessoas que assistiram a todo este triste espectáculo exigem é exactamente aquilo que exigiram no dia 10, a mudança: a mudança nos seus salários, nas suas pensões, no seu acesso ao Serviço Nacional de Saúde, na resposta aos problemas da habitação, nos direitos dos pais e das crianças. Tudo aquilo que é preciso dar resposta e que não virá por parte destas forças, tal e qual como se demonstrou, nós não alimentámos, nem alimentaremos, este triste espetáculo que aqui assistimos.