Nasceu em Azinhaga (Golegã) em 16 de Novembro de 1922, de uma família de gente pobre.
Dois anos depois, a família muda-se para Lisboa.
Frequenta um curso técnico. O seu primeiro emprego é como serralheiro mecânico. Depois é funcionário público.
Muito Jovem, iniciou a sua actividade antifascista, participando em várias iniciativas da resistência; em 1948/49 é apoiante e interveniente activo na candidatura de Norton de Matos à Presidência da República.
Faz crítica literária na Seara Nova, traduz (Tolstoi, Hegel, Baudelaire), trabalha como jornalista, dirige o Suplemento Cultural do Diário de Lisboa.
Escreve poesia: Os Poemas Possíveis (1966) e Provavelmente Alegria (1970).
Em 1969 adere ao Partido Comunista Português, passando desde logo a integrar a organização dos intelectuais de Lisboa.
Em 1969 e 1973 desenvolve intensa actividade na CDE no decorrer das campanhas «eleitorais» para a chamada Assembleia Nacional.
Activista do Conselho Português para a Paz e a Cooperação, participa em várias iniciativas a favor da paz.
A seguir ao 25 de Abril passou a fazer parte da Célula dos Escritores do Sector Intelectual de Lisboa.
Logo a seguir é eleito para a Direcção do Sector de Artes e Letras, organismo entretanto criado e ao qual se manteve ligado durante muitos anos, mesmo depois de ter passado a dedicar-se totalmente à escrita.
No decorrer do processo revolucionário que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, participa militantemente nas múltiplas iniciativas levadas a cabo pelo Partido, tal como nas importantes e diversificadas acções do movimento operário e popular.
Nesse período foi director-adjunto do Diário de Notícias, cargo de que foi afastado na sequência do golpe contra-revolucionário de 25 de Novembro de 1975.
Nesse ano publica o livro de poemas O Ano de 1993.
Desde 1976, participa, com outros intelectuais comunistas, nas jornadas de trabalho da Festa do Avante.
Em 1977 publica o romance Manual de Pintura e Caligrafia e no ano seguinte o volume de contos Objecto Quase.
Segue-se a publicação sucessiva de um vasto conjunto de obras que o afirmam como figura cimeira da literatura nacional e mundial. Romances: Levantado do Chão (1980); Memorial do Convento (1982); O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984); A Jangada de Pedra (1986); História do Cerco de Lisboa (1989); O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991); Ensaio sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2000); O Homem Duplicado (2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004); As Intermitências da Morte (2005); A Viagem do Elefante (2008); Caim (2009) – para além de peças de teatro, livros de crónicas e de viagens, diário.
Entretanto, prossegue a sua actividade político-partidária: nas eleições autárquicas de 1989, proposto pelo Partido, integra a lista da coligação «Por Lisboa» e é eleito Presidente da Assembleia Municipal; foi candidato ao Parlamento Europeu, pela CDU, em todas as eleições para aquele órgão, desde 1987 até 2009.
Em 1998 a qualidade superior da sua obra literária é reconhecida mundialmente com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura – e sagra-se como o primeiro, e até agora, único escritor de Língua Portuguesa galardoado com esse Prémio.
No dia em que regressou a Lisboa após a atribuição do Nobel, o Partido prestou-lhe homenagem numa sessão memorável, no Centro de Trabalho Vitória – e, acabada a sessão, dirigiu-se para o Terreiro do Paço a dar um abraço solidário aos trabalhadores que ali levavam a cabo uma jornada de luta contra mais um pacote anti-laboral disparado pelo governo então de serviço à política de direita.
Entretanto, a sua Obra atrai a atenção de criadores culturais: inspirado no romance Memorial do Convento, o compositor Azio Carghi produz a ópera Blimunda; o realizador Fernando Meireles transpõe para o cinema o Ensaio sobre a Cegueira.
Nos anos seguintes, e até há bem pouco tempo, José Saramago correu várias vezes o mundo, participando em conferências, colóquios, fóruns, seminários, debates, levando a outros povos e outras gentes a sua reflexão sobre a situação no mundo.
Na memória dos portugueses perdura, sem dúvida, o discurso de José Saramago, em Estocolmo, quando ali foi receber o Prémio Nobel – um discurso proferido, por coincidência, no ano que se comemorava o 50º aniversário da assinatura da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Em 2008, por ocasião do 10º aniversário da atribuição do Prémio Nobel, José Saramago foi homenageado na Festa do Avante. Não podendo estar presente, por motivos de saúde, enviou uma fraterna mensagem em que saudava os construtores da Festa, aqueles que, «com o seu trabalho voluntário, e não pedindo nada em troca, constroem a Festa»; aqueles para os quais «a Festa é indispensável» e que «são também indispensáveis à Festa».
Falando dos seus livros, José Saramago disse um dia: «Creio que nada ou quase nada do que fiz depois do 25 de Abril, podia ter sido feito antes» - palavras que nos confirmam que a Obra de José Saramago é, também ela, uma conquista de Abril.